Quem acompanhou o noticiário dos últimos dias certamente viu a decisão judicial que permitiu a conversão da prisão do padre Egídio de Carvalho Neto de preventiva para domiciliar. Uma cirurgia de apêndice e a necessidade de tratamento serviram como estímulo para a decisão do juiz José Guedes Cavalcanti, da 4ª Vara Criminal de João Pessoa, seguindo parecer do Ministério Público da Paraíba. Mas o que realmente virou piada nesta história foi o questionamento sobre para qual dos 29 imóveis, alguns de altíssimo luxo, foi transferido o religioso.
A simples constatação da multiplicidade de opções é chocante para qualquer pessoa de bom senso. E isso pela forma que o patrimônio milionário do religioso foi construído, segundo as investigações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. O dinheiro, algo estimado em R$ 140 milhões, teria sido desviado de pessoas miseráveis, que precisavam da assistência da Ação Social Arquidiocesana (ASA) ou do Instituto São José, responsável pelo Hospital Padre Zé, ou dos dois.
Quem andar pelas ruas do Centro de João Pessoa vai ver nos sinais de trânsito vários venezuelanos pedindo esmolas. Sim, falo dos warao. Era da alçada da ASA, portanto do Padre Egídio, cuidar daquele povo, cujos filhos frequentemente são internados com desnutrição grave. E não fazia. A alegação do padre, segundo grupos de direitos humanos, era falta de recurso. Recursos estes que o Ministério Público diz terem ido parar no bolso do religioso, que ostentava vida de luxo em suas propriedades. Vinhos finos, móveis de altíssimo padrão e obras sacras caríssimas.
“Durante o cumprimento das ordens de busca e apreensão autorizadas pelo juízo da 4a Vara criminal da comarca da capital foi verificado que todos os imóveis de propriedade de EGIDIO possuíam adornos luxuosos, tais como obras de arte, artes sacras, cristais, eletrodomésticos, equipamentos domésticos, peças de vestuários e acessórios no geral. Até momento, foi apurado um gasto de R$ 358.550,00 (trezentos e cinquenta e oito mil e quinhentos e cinquenta reais) apenas em um único antiquário especializado em arte sacra, além de diversas obras de arte oriundas do atelier ZULEIDE DE CARVALHO, por onde foi perscrutado o gasto de R$ 80.400,00 (oitenta mil e quatrocentos reais) com os quadros. Por motivos de clareza, mister informar que todos os pagamentos foram realizados por intermédio de contas bancárias do Instituto São José”, diz o Ministério Público.
O local para onde o Padre Egídio foi levado para cumprir a prisão domiciliar não foi revelado pela Justiça, talvez por questão de segurança. Ele terá que usar tornozeleira eletrônica e não poderá se comunicar com outros suspeitos. Um preço pequeno se comparado com a situação dos miseráveis que ficaram sem assistência. Enquanto o Padre Egídio tem 29 endereços para indicar onde cumprir a decisão de prisão domiciliar, os miseráveis que dependiam dele não têm a mesma sorte.
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