Um astronauta que tivesse embarcado rumo ao planeta Marte, em 2019, e voltasse agora seria pego de surpresa ao acessar as redes sociais do ex-governador do Rio, Wilson Witzel. Do governador cheio de esperanças de comandar o Brasil, após ser eleito na onda bolsonarista de 2018, ao advogado que tenta equilibrar as contas dando aulas em cursinhos preparatórios para concurso e até com a venda de imóveis. Esta é a história do ex-juiz federal que se aventurou na política e foi alvo de um impreachment há um ano por causa de denúncias de corrupção.
O ex-governador do Rio de Janeiro, que prometeu acabar com a violência no Estado matando todos os bandidos, agora é sócio de um escritório de Direito que também arrebanha investidores para leilões de imóveis, o ex-juiz federal compartilha momentos em família e tira dúvidas jurídicas dos concurseiros. Tudo tem um certo ar melancólico na vida do político que há um ano perdia não apenas o mandato, mas também os direitos políticos por causa do impedimento imposto pela Assembleia Legislativa. Ele foi substituído no cargo pelo então vice-governador, Cláudio Castro, que tenta a reeleição.
Em seu site, o ex-governador convida para o seu Clube de Investidores em Leilões. Ofertas de apartamentos de classe média, que podem ser arrebatados pela metade do preço em bairros da Zona Norte, como o Engenho de Dentro e a Tijuca, são apresentadas. No entanto, saber como o clube de investimentos funciona não é tarefa das mais fáceis. Para obter mais detalhes é necessário preencher um formulário com os dados completos e esperar a equipe de Witzel responder. Procurado, o ex-governador disse cobrar 15% sobre o valor da arrematação. “Também assessoro na elaboração do contrato entre pessoas que queiram investir juntas, um contrato de sociedade em conta de participação, por isso clube de investimentos”, disse ele, por meio de mensagem.
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De acordo com matéria de O Glovo, na página que mantém na internet, Witzel se apresenta como especialista em várias áreas do Direito. De acordo com ele, o seu escritório trabalha com causas relacionadas ao Direito Civil, empresarial, administrativo, eleitoral, imobiliário, constitucional e penal. No entanto, consultas feitas no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) e na Justiça Federal não apontam ações recentes em seu nome. O ex-governador conta, no entanto, com outra fonte de renda: seus cursos preparatórios para concursos com foco em provas específicas têm lotação máxima, de acordo com as próprias publicações.
O ex-chefe do Executivo também fundou a produtora de vídeos Wilson Witzel Produções e Participações LTDA, com o objetivo de abastecer o seu canal no YouTube. Na plataforma, ele conta com pouco mais de 3,8 mil seguidores e não publica nada desde que deixou o Palácio Guanabara. Witzel tem outro canal, o Caminhos de Fé, que será dedicado a mensagens religiosas — no ano passado, ele se tornou evangélico —, mas ainda não conta com vídeos. Após deixar o Palácio Laranjeiras, Witzel voltou para a casa da família no Grajaú, bairro da Zona Norte do Rio, de onde grava mensagens motivacionais e tira dúvidas de concurseiros que apostam na sua experiência obtida como ex-juiz federal.
Desejo de se candidatar
Witzel mantém vivo o desejo de voltar a se candidatar. Ele se filiou ao PMB em 1º de abril, junto da ex-primeira-dama Helena Witzel, que deve concorrer a uma vaga na Alerj. Em fevereiro, o desembargador Bernardo Garcez, membro do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), negou um mandado de segurança ajuizado pelo ex-governador requerendo a nulidade do julgamento do Tribunal Especial Misto (TEM) que o afastou do governo.
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