O arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson, gerou polêmica, nesta terça-feira (10), ao admitir que não sabia dos descalabros que ocorriam no Hospital Padre Zé e na Ação Social Arquidiocesana (ASA). Ligadas à Igreja, a instituição de saúde e a entidade voltada para a assistência social eram administradas pelo Padre Egídio de Carvalho Neto. O religioso foi um dos alvos da operação Indignus, desencadeada na semana passada pela força-tarefa chefiada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, para apurar supostos desvios de dinheiro fruto de doação.
As investigações mostram que o Padre Egídio possuía em seu nome uma série de imóveis de alto padrão, muitos deles luxuosamente mobiliados. “Eu sinto uma tristeza muito grande que um ministro de Deus tenha se envolvido numa coisa dessa natureza”, disse Dom Delson, em meio a explicações que escancaram a incompatibilidade entre renda e posses do religioso. Os padres vinculados à Arquidiocese da Paraíba, segundo o líder da Igreja, recebem salários equivalentes a três salários mínimos, o equivalente a R$ 3.960.
Dom Delson, por outro lado, disse ter sido traído. O sentimento é comum ao de órgãos de controle e pessoas que fazem doações ao Hospital Padre Zé. Ninguém sabia dos desvios de recursos. Isso pelo fato de que a instituição de saúde sempre pareceu ser bem cuidado. “O sentimento é de vergonha. Me sinto traído, porque [ele] foi preparado para anunciar o evangelho, testemunhar a fé, para estar a serviço dos mais pobres”, disse o arcebispo durante entrevista coletiva nesta terça.
A dimensão do rombo provocado durante o tempo em que o Padre Egídio comandou as instituições ainda está sendo avaliada. As informações preliminares são de que o religioso construiu um patrimônio formado por mais de 15 imóveis, sendo alguns de altíssimo padrão. A granja mantida por ele no Conde, na Região Metropolitana de João Pessoa, é ricamente ornada com obras sacras caras, inclusive com castiçais de prata pura. O padre George, escolhido para assumir o Hospital Padre Zé depois do afastamento de Egídio, explicou que todas as informações estão sendo prestadas à força-tarefa formada para investigar o caso. A apuração revelou a existência de uma dívida de R$ 13 milhões, fruto de empréstimo contraído pela gestão anterior.
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