Executivo
Time de Lula x time de Bolsonaro: vantagens e riscos da nacionalização da campanha em João Pessoa
20/07/2024 08:44
Suetoni Souto Maior
Chapas de Queiroga e Cartaxo estão fechadas visando as eleições deste ano. Foto: Divulgação/Montagem

O deputado e ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PT), deu nome de “time de Lula” à chapa que será encabeçada por ele neste ano, tendo a empresária Amanda Rodrigues, do mesmo partido, na vice. A “agremiação” traz ainda como padrinho o ex-governador Ricardo Coutinho, marido de Amanda. A estratégia busca o embate com a chapa bolsonarista, que deverá ser encabeçada pelo ex-ministro Marcelo Queiroga (PL), tendo como vice o pastor Sérgio Queiroz (Novo), e visa a nacionalização do debate. A estratégia é uma faca de dois gumes, pois pode ajudar, mas também limitar o crescimento das postulações.

A busca dos dois pré-candidatos pela polarização nacional é óbvia e não há marqueteiro que não se sentisse tentado a usar tal commodity numa disputa. Isso porque ela poderá trazer pontos valiosos logo de saída, o que é uma mão na roda, por exemplo, para um neófito em disputas eleitorais como Marcelo Queiroga. Assim como Cartaxo, ele não era o favorito no próprio partido para a disputa, mas teve o nome imposto pela direção nacional da legenda. O ex-ministro ainda conquistou para vice um nome com capital político muito maior que o dele, o que é desafiador. Portanto, para ele, a busca da polarização é meio de subsistência.

Já Cartaxo tem a vantagem de ser conhecido na principal cidade do Estado, fruto dos oito anos em que comandou João Pessoa. Este capital político, no entanto, não foi decisivo na disputa pela vaga na Assembleia, há dois anos. Ainda assim, a volta ao PT e um discurso mais forte em defesa do legado do presidente Lula podem ajudá-lo na reconquista do eleitor de esquerda, ainda magoado com a forma como o Luciano ainda prefeito, em 2015, deixou o partido. A presença de Amanda Rodrigues na vice ajuda neste processo, mas a caminhada ainda é longa e só o tempo dirá se ela será frutífera.

O ponto negativo da polarização é que a política nacional nunca foi decisiva nas disputas municipais em João Pessoa. É porque, em linha geral, as pessoas traçam uma diferenciação importante: a eleição na paróquia tem mais a ver com zeladoria. Isso tende a beneficiar Cartaxo mais que a Queiroga, por ter experiência administrativa na capital. Já o currículo do candidato bolsonarista inclui o comando do Ministério da Saúde durante a pandemia, o que não é pouco. Porém, o silêncio do ex-ministro frente ao boicote à vacina feito por Bolsonaro, mesmo sendo elas bancadas pelo governo, e as mais de 700 mil mortes no período desgastaram a imagem do hoje candidato.

Outro ponto que precisa ser ressaltado é que, historicamente, as lideranças nacionais têm influência limitada na eleição municipal. Nem o Lula da época dos mais de 80% de aprovação conseguiu romper esta barreira. Isso acaba sendo uma vantagem para os postulantes do centro, como o prefeito Cícero Lucena (PP) e o deputado federal Ruy Carneiro (Podemos). Mas não dá para ser conclusivo neste ponto também. O que temos para hoje é que cada eleição conta uma história e esta apenas começou a ser escrita. Os próximos capítulos vão indicar se as estratégias foram eficientes ou não.

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