Executivo
Tentativa de atentado terrorista em Brasília é mais um efeito colateral dos atos antidemocráricos
26/12/2022 06:29
Suetoni Souto Maior
Artefato foi colocado em caminhão com mais de 60 mil litros de querosene de aviação. Foto: Divulgação

O que o dia 24 de dezembro de 2022 tem a ver com o dia 31 de abril de 1981? São quase 42 anos separando o atentado do Riocentro da tentativa frustrada de um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) de explodir um caminhão-tanque carregado de querosene neste fim de semana, em Brasília. Nos dois episódios, a intenção era a perpetuação do regime em decadência. O primeiro, o Regime Militar. O segundo, o governo do atual mandatário. O terrorista preso na véspera do Natal, George Washington de Oliveira Sousa, admitiu à Polícia Civil do Distrito Federal que sua intenção era provocar um golpe de estado.

O lunático preso é do Pará e relatou trabalhar como gerente de posto de combustíveis. Ele disse que se deslocou a Brasília no dia 12 de novembro para participar das manifestações no quartel-general do Exército e que o plano da bomba foi traçado pelos manifestantes do QG: explodir o artefato no estacionamento do aeroporto de Brasília. Com ele, foi encontrado um arsenal de armas e bombas que pretendia usar para, nas palavras dele, provocar as Forças Armadas a decretarem “estado de sítio” e realizarem uma intervenção militar, o que é inconstitucional.

“Eu resolvi elaborar um plano com os manifestantes do QG do Exército para provocar a intervenção das Forças Armadas e a decretação do estado de sítio para impedir instauração do comunismo no Brasil”, disse, conforme trecho do seu depoimento. O motorista do caminhão, entretanto, percebeu um objeto estranho no seu veículo e acionou a polícia no sábado, o que impediu a concretização do atentado.

Este é mais um motivo para que as Forças Armadas comecem de pronto a desmobilizar os acampamentos montados em frente aos quartéis, que são consideradas áreas de segurança nacional. Os manifestantes não aceitam o resultado das urnas que elegeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e e parte deles prega a tomada do poder por meios violentos. Eles querem manter Bolsonaro no poder a todo custo e justificam a tomada de posição como caminho para livrar o comunismo. Em outras manifestações, apoiadores chegaram a fazer o mesmo pedido a extraterrestres com risíveis sinais feitos com o celular sobre a cabeça.

Voltando ao lunático preso em Brasília, ele afirmou, no depoimento à polícia, que tirou registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) para poder adquirir armas por influência do presidente Jair Bolsonaro. “O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro que sempre enfatizava a importância do armamento civil”, afirmou. Ele integra o mesmo grupo que na diplomação de Lula incendiou ônibus e carros em visível ato terrorista pelas ruas de Brasília também para provocar as forças armadas.

O movimento tem feito com que o futuro governo trace planos de pedido de reforço no policiamento para a posse do novo presidente, no dia 1º de janeiro. O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, tem alertado para o perigo de radicalização de apoiadores do atual presidente, que insiste em não reconhecer o resultado das urnas. Ele decidiu não entregar a faixa presidencial ao sucessor e planeja um período sabático. Desde que foi derrotado, Bolsonaro pouco foi visto em agendas oficiais e iniciou recentemente o processo de mudança da residência oficial.

Para completar, passaram-se mais de 24 horas para que o atual ministro da Justiça, Anderson Torres, se pronunciasse sobre a tentativa de atentado. Ele disse que o caso foi repassado para a Polícia Federal e que esperaria o curso das investigações. O fato é que o processo de desmobilização da balbúrdia pregada pelos apoiadores de Bolsonaro precisa ter fim, antes que os hoje lobos solitários sejam convertidos em inspiradores de células terroristas. Aí, sim, teremos um problema que o país não precisa enfrentar novamente.

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