Executivo
Sérgio Queiroz deve recorrer a pastores para contrapor megaestruturas dos candidatos tradicionais ao Senado
23/02/2022 18:58
Suetoni Souto Maior
Sérgio Queiroz fecha filiação ao PRTB para a disputa de vaga no Senado. Foto: Divulgação

Há alguns dias, o procurador da Fazenda Nacional e pastor, Sérgio Queiroz, se encontrou com o também pastor José Carlos de Lima, líder da Assembleia de Deus na Paraíba. Diante da pretensão do primeiro de disputar uma vaga no Senado, os dois oraram juntos. Aquele episódio, pouco conhecido no meio político, foi o primeiro entre muitos do gênero que o pastor da Cidade Viva terá que empreender para fazer frente à megaestrutura dos nomes já lançados para a disputa da mesma vaga pelos grupos tradicionais da política paraibana. O religioso surge como outsider e só nesta quarta-feira (23) oficializou a filiação ao PRTB, uma sigla sem expressividade no Estado.

A esperança do pastor para reverter a desvantagem, isso muito claramente, é o público evangélico. A conta é simples: estima-se que 30% da população do país, hoje, segue alguma das denominações evangélicas. O grupo é significativo e seria um caminho de partida para Queiroz que, apesar de ter integrado o governo de Jair Bolsonaro (PL) por quase três anos, é desconhecido da maioria da população paraibana. Em contraposição a isso, ele terá pela frente candidatos com estruturas muito consistentes nos municípios, abraçadas por prefeitos, deputados e vereadores. O pastor, por isso, terá que depositar suas esperanças nos evangélicos, pelo menos no primeiro momento.

O fator que confere maior dureza à disputa deste ano para o Senado é a existência de apenas uma vaga para o Estado. No último pleito, em 2018, o candidato vai votado foi Veneziano Vital do Rêgo (MDB), com 844.786 votos. A segunda colocada foi Daniella Ribeiro (PP), com 831.701 votos. São votações expressivas e difíceis de ser conseguidas sem uma grande estrutura por trás, pelo menos segundo o histórico das disputas recentes. E é contra isso que Sérgio Queiroz vai se deparar no plano estadual, ante candidatos que alardeiam apoios em números que superam a casa de uma centena de prefeitos.

Nomes como os do ex-governador Ricardo Coutinho (PT) e dos deputados federais Efraim Filho (União Brasil) e Aguinaldo Ribeiro (PP), naturalmente, partem na frente por causa do histórico político. Qualquer nome que surja fora deste “clube” e tiver sucesso eleitoral será pintado com as tintas de azarão, assim como aconteceu com Jair Bolsonaro em 2018. Em situação parecida com a encarada por Sérgio Queiroz, o presidente recorreu ao voto evangélico como combustível para mover o carro eleitoral naquele ano. A esperança dele, certamente, é ser abarcado por onda semelhante, de preferência sem atentado pelo caminho.

Queiroz vai para a disputa neste ano, por opção própria, em um partido sem tempo de televisão e nem verba do fundão eleitoral. Vai depender unicamente dele mesmo e da capacidade de convencimento. O caminho natural teria sido a filiação no partido de Bolsonaro, mas lá não há espaço, por causa da pré-candidatura de Bruno Roberto, filho de Wellington Roberto. O pastor também não deve ter o apoio declarado do presidente para o pleito, por causa do compromisso com o candidato do partido. A caminhada não é simples e o pastor parte atrasado para a disputa.

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