Executivo
Saída de Alckmin do PSDB era caminho natural, mas possível aliança com Lula é sinal dos tempos
15/12/2021 17:56
Suetoni Souto Maior
Lula e Alckmin foram adversários nas eleições de 2006, vencidas pelo petista. Foto: Divulgação

O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se desfiliou do PSDB nesta quarta-feira (15). A saída do partido que ele ajudou a criar ocorre passados mais de 33 anos. A despedida do ex-gestor, no entanto, não causa surpresa, frente ao domínio partidário imposto por João Dória, atual governador e pré-candidato a presidente. A surpresa fica mesmo pelo ato contínuo esperado para esta saída: a possibilidade de aliança com o ex-presidente Lula (PT). Isso significa, de forma cabal, que os tucanos (e Alcmin deixa o partido mas não a essência) não são mais a antítese dos petistas.

Antes que alguém corra a me corrigir, me explico. Os dois partidos, apesar de terem militado em trincheiras diferentes durante décadas, se sucederam no poder sem mudanças significativas. Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) governou com a cartilha de controle da inflação e da dívida pública. Lula veio depois e manteve as mesmas regras. O que diferia era a visão mais liberal do lado tucano e a mais social do lado petista. A fuga à regra ocorreu no governo de Dilma Rousseff (PT), quando, no momento mais acentuado do dualismo, decisões equivocadas da petista levaram o país a um ciclo recessivo que os sucessores mantiveram.

O movimento ocorre também porque a antítese ao PT, nos últimos anos, passou a ser o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o bolsonarismo que se tornou palatável a grande parte das pessoas que antes engrossavam as fileiras tucanas. Ou seja, os tucanos não rivalizam mais com os petistas porque a base deles mudou de dono. No Twitter, após oficializar sua saída do partido com uma carta direcionada ao diretório municipal da sigla, o agora ex-tucano falou em mudança.

“É um novo tempo! É tempo de mudança! Nesses mais de 33 anos e meio de trajetória no PSDB procurei dar o melhor de mim. Um soldado sempre pronto para combater o bom combate com entusiasmo e lealdade. Agora, chegou a hora da despedida. Hora de traçar um novo caminho”, afirmou. “Jamais esqueci a lição do meu pai. Respeito às pessoas, lealdade aos princípios e firmeza de caráter. Só com esses valores é possível construir uma vida pública decente. Quero agradecer aos meus companheiros de jornada. Vocês foram muito importantes nessa travessia. Valeu cada obstáculo vencido, cada momento vivido, cada conquista feita. Em breve, anunciarei meus próximos passos”, acrescentou.

Com a saída do PSDB, Alckmin vai buscar um novo partido para se filiar. O PSB surgiu como possível caminho, mas as muitas condições impostas para a filiação tem afastado o ex-governador. O PSD de Gilberto Kassab também surge como possibilidade. O futuro político dele abre duas vertentes: disputar o governo de São Paulo ou entrar como vice numa chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula. Os dois bateram chapa em 2006, quando o petista saiu vencedor. As diferenças, aparentemente, foram ruminadas nos últimos tempos e a composição da chapa já parece inevitável. A conferir.

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