Executivo
Queiroga trará Bolsonaro a João Pessoa na tentativa de uma improvável polarização da disputa
09/10/2024 15:53
Suetoni Souto Maior
Marcelo Queiroga, Jair Bolsonaro, Cabo Gilberto e Sérgio Queiroz. Foto: Reprodução/Instagram

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estará em João Pessoa, na semana que vem, para reforçar a candidatura do ex-ministro Marcelo Queiroga (mesmo partido) a prefeito da capital. O postulante vai disputar o segundo turno, no dia 27, com o prefeito Cícero Lucena (PP), que tenta a reeleição. Será a primeira visita do ex-gestor depois do registro das candidaturas. Antes disso, as atenções dele foram concentradas no Rio de Janeiro, onde o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) foi derrotado no primeiro turno das eleições para o atual prefeito da capital cariosa, Eduardo Paes (PSD).

No caso de João Pessoa, Queiroga passou para o segundo turno com uma votação expressiva (90.840 votos), mas pequena se comparada com os 205.122 votos recebidos por Cícero Lucena. Por isso, tentará polarizar a disputa, se apresentando como candidato da direita em contraposição ao atual prefeito, que tem partidos de esquerda na sua base. Uma tese que naufragou no primeiro turno, já que o figurido de esquerdista não cabe no atual gestor. Isso apesar de ele ter apoio de PCdoB, PV e, agora, também de lideranças do Partido dos Trabalhadores.

A estratégia de Queiroga, no entanto, é o único caminho para tentar forçar um crescimento nesta reta final de campanha. Ou cresce muito ou é derrotado. Cícero chegou ao segundo turno com 49,16% dos votos (por muito pouco não liquidou a parada ainda na primeira etapa. Por isso, o candidato do PL tem corrido atrás de reforços. E já conseguiu um importante, com a adesão do deputado federal Ruy Carneiro (Podemos). Este último priorizou, durante a campanha, um discurso de centro, para atrair votos da esquerda e da extrema direita. A estratégia acabou não surtindo o efeito esperado e ele foi ultrapassado por Queiroga.

Por outro lado, para evitar a debandada dos eleitores bolsonaristas, o prefeito Cícero Lucena tem corrido da polarização como o diabo foge da cruz. Ele terá o apoio do PT, mas não buscará agenda conjunta com o presidente Lula. Uma possibilidade que não existe para Queiroga, já que os votos dele são colhidos exclusivamente no campo bolsonarista. Este retrato foi mostrado nas pesquisas de opinião pública realizadas pelo instiuto Quaest, contratado pela TV Cabo Branco. Por conta tisso, no caso de Cícero, os ataques serão direcionados pessoalmente a Queiroga e não ao ex-presidente.

Queiroga foi ministro de Jair Bolsonaro na pandemia da Covid-19 e, por isso, os aliados do prefeito querem colar nele a responsabilidade por mais de 400 mil mortes no período em que esteve à frente da pasta. Quando assumiu o cargo, em março de 2021, o número de óbitos somava 298.843. Quando saiu, ele já era maior que 700 mil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O ex-ministro, por outro lado, alega ter sido na gestão dele que a guerra foi vencida, com a aplicação das vacinas. As primeiras foram as confiscadas do governo de São Paulo.

A tendência, quando se analisa o cenário, é que a polarização tenha efeito limitado, pelo menos em João Pessoa.

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