O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) externou nesta semana o desejo de que algum dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) peça vista no processo que pode torná-lo inelegível. A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) em julgamento acusa o ex-gestor de abuso do poder político no episódio em que reuniu embaixadores para atacar, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro. O problema é que na composição da Corte, o único ministro próximo ao ex-mandatário, inclusive indicado por ele, é Nunes Marques, o sexto a votar no processo, de acordo com o rito do TSE.
“O Kássio Nunes (Marques) será o 6 a votar e pode ser que já tenha decidido a fatura de um lado ou para o outro. Já que é um voto de mais de 300 páginas (do relator, ministro Benedito Gonçalves) o ideal seria que alguém no início pedisse vista”, afirmou o ex-presidente.
As esperanças de Bolsonaro, portanto, recaem sobre o ministro Raul Araújo, originário do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele foi nomeado para a Corte Superior em 2010, pelo presidente Lula (PT), no último ano do seu segundo mandato à frente da Presidência da República. Araújo é o segundo a votar, pela ordem. O voto dele vem logo após o do ministro relator, Benedito Gonçalves, que deve se manifestar na próxima terça-feira (27), com o retorno do julgamento iniciado nesta quinta-feira (22).
Não haveria certeza, portanto, de que Araújo daria voto favorável ao ex-presidente nem que aceitaria postergar a votação. Nos bastidores, há a informação de que o presidente da Corte, Alexandre de Moraes, o último a votar, pela ordem, fez uma roda de conversa com os ministros para sugerir que não haja pedido de vista, com o argumento de que isso seria ruim para o país. Ele teria conseguido o compromisso tanto de Nunes Marques quanto de Raul Araújo em relação a isso.
Nunes Marques chegou a dar declaração ao Uol, nesta semana, negando que esteja decidido a pedir vista. Isso ocorreu após um movimento puxado por bolsonaristas nas redes sociais apontando esta possibilidade. A ordem de votação é a seguinte: começa pelos dois ministros do STJ, Benedito Gonçalves, relator da ação, e na sequência Raul Araújo. Depois votam Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares. Por fim, os membros do STF, Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.
De acordo com a colunista Malu Gaspar, de O Globo, se Nunes Marques decidir pedir vista, Alexandre de Moraes já desenhou seu plano B: adiantará seu voto pela condenação de Bolsonaro e deixará Nunes Marques isolado.
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