Executivo
Prisão de Roberto Jefferson após ferir policiais federais é má notícia para Bolsonaro na reta final da campanha
23/10/2022 20:19
Suetoni Souto Maior
Roberto Jefferson após tiros contra policiais federais. Foto: Reprodução

O episódio envolvendo a prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) pode se transformar numa tempestade perfeita para o presidente Jair Bolsonaro (PL) na reta final da campanha eleitoral. O ex-parlamentar respondeu a uma ordem de prisão determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) com tiros e arremessos de granadas. Dois policiais ficaram feridos sem gravidade e veículos da PF ficaram com marcas de bala. A repercussão foi extremamente negativa e pode reverberar durante a semana pela proximidade entre o petebista e o presidente.

Foram oito horas o tempo total em que o ex-deputado permaneceu desrespeitando uma determinação do STF. Jefferson cumpria prisão domiciliar na cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Ele foi preso preventivamente no ano passado por causa de ameaças à democracia e conseguiu migrar para prisão domiciliar por recomendação médica. No fim de semana, fez críticas com conteúdo chulo contra a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). O conteúdo degradante das falas gerou forte reação de autoridades e culminou com o mandado de prisão.

As acusações que pesavam contra Jefferson incluíam ainda a guarda de um arsenal ilegal. Quando os policiais chegaram à casa dele, foram atacados a bala pelo ex-parlamentar. Para se entregar, após muita polêmica, o petebista cobrou do presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é apoiador, o envio do ministro da Justiça, Anderson Torres, para negociar os termos da rendição. Apesar de esse procedimento ser incomum, o auxiliar do presidente foi ao encontro do ex-deputado. Ele se entregou no início da noite e foi levado para a sede da Polícia Federal no Rio.

Durante todo o dia, houve forte repercussão na imprensa. Bolsonaro usou as redes sociais para condenar de forma moderada, em um primeiro momento, e depois de forma mais dura a atitude do aliado, tratado por ele agora como “bandido”. “Como determinei ao ministro da Justiça, Anderson Torres, Roberto Jefferson acaba de ser preso. O tratamento dispensado a quem atira em policial é o de bandido. Presto minha solidariedade aos policiais feridos no episódio”, disse, em publicação no Twitter.

“Parabéns pelo competente e profissional trabalho da Polícia Federal, orgulho de todos nós brasileiros e brasileiras. Inadmissível qualquer agressão contra os policiais. Me solidarizo com a agente Karina Oliveira e com o delegado Marcelo Vilella que foram, covardemente, feridos”, disse o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo mandado de prisão.

O caso tende a ser explorado pelos adversários do presidente na campanha, pelo fato de Jefferson vir atuando como linha auxiliar do bolsonarista há vários anos. Na atual campanha eleitoral, ele escalou o autoproclamado Padre Kelmon para fazer dobradinhas com Jair Bolsonaro nos debates, principalmente para atacar o ex-presidente Lula (PT). Os próximos dias serão de expectativa sobre como isso vai se desenrolar. Certamente haverá um preço político a ser pago.

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