O padre Egídio de Carvalho Neto você já conhece. É aquele religioso que comandou o Instituto São José, que administra o Hospital Padre Zé, e a Ação Social Arquidiocesana (ASA) e enriqueceu às custas dos pobres que ele ajudou a se tornarem mais miseráeis. Mas o que assusta mais é conhecer os detalhes de como isso acontecia. Eles estão sendo revelados a cada denúncia formulada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba (MPPB). A última, a sexta na ordem de apresentação, escancara o que seria um toma lá dá cá com empresários.
Conhecemos, nesta etapa, o que seria a atuação de Kildenn Tadeu Morais de Lucena. Ele, junto com o grupo familiar a que pertence, é apontado pelo Gaeco como responsável pela operacionalização de um esquema de superfaturamento orquestrado pelo Padre Egídio no qual haveria “devolução” de parte do dinheiro pago com verba pública. O esquema teria sido executado com recursos do programa Prato Cheio, do governo do Estado. As anotações apreendidas durante a operação Indignus mostram como esse esquema teria se desenrolado sem qualquer fiscalização. (Veja imagens no quadro abaixo)
Nesta etapa da investigação, foram denunciados além do Padre Egídio e de Amanda Duarte da Silva Dantas, tesoureira do Hospital Padre Zé, um grupo de empresários liderados por Kildenn Tadeu Morais de Lucena. Além dele, a lista traz Sebastião Nunes de Lucena (pai do empresário), Sebastião Nunes de Lucena Júnior (irmão), Mariana Inês de Lucena Mamede (sobrinha) e Maria Cassilva da Silva (Cunhada). Todos são apontados na investigação como donos de empresas supostamente envolvidas no esquema criminoso apurado pelo Gaeco.
As anotações que constam na investigação mostram o volume de recursos destinado ao pagamento pelo fornecimento de alimentos dentro do programa Prato Cheio do governo do Estado e, junto, a descrição de recursos que deveriam ser pagos de volta ao Padre Egídio. Estes recursos, de acordo com a apuração, eram pagos em dinheiro ou com a compra de bens ou quitação de dívidas em nome do religioso e de quem ele indicasse.
Confira abaixo as imagens inseridas na denúncia:
Por conta disso, o Ministério Público pede a devolução de R$ 1,7 milhão aos cofres públicos a título de reparação pelos prejuízos em tese causados pelos suspeitos. A estimativa diz respeito a quanto teria sido desviado do programa Prato Cheio, lançado pelo governo do Estado em 2021. O desvio teria ocorrido em relação ao fornecimento de alimentos para o atendimento a pessoas de rua residentes em João Pessoa, Guarabira, Campina Grande, Pombal e Cajazeiras.
O Padre Egídio de Carvalho Neto atuou como presidente do Instituto São José e Secretário-Executivo da ASA no período de 2011 a 2023. Durante esse lapso temporal foi responsável pelo gerenciamento e processo de tomada de decisões – de todas as espécies – nas referidas entidades, centralizando o mando e direcionamento, bem como a ordenação das despesas. O resultado disso foi a construção de um patrimônio milionário, constituído por 32 imóveis, carros de luxo de elevado valor, joias e acessórios caros e obras de arte.
Já os pobres que ele jurou defender continuaram mais pobres ou já morreram.
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