Executivo
Lula cria ministério para aplacar ‘apetite do centrão’, mas vida do governo no Congresso continuará difícil
29/08/2023 16:41
Suetoni Souto Maior
Lula durante a posse, ladeado por Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu sinalizar boa vontade com o centrão, com a promessa de criar um novo ministério, o 38º da terceira gestão do PT. A bola da vez é o Ministério da Pequena e Média Empresa, que terá abrangência limitada. O anúncio foi feito durante sua transmissão semanal na internet, a Conversas com o Presidente. E o objetivo é elevar a base aliada na Câmara dos Deputados, onde o bloco comandado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), dá as cartas e vende bem caro os apoios.

O governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), conseguiu sobreviver com relativa tranquilidade com 23 ministérios, mas foi obrigado a abrir os cofres para liberações bilionárias das emendas do relator, o orçamento secreto, como ficou conhecido pela falta de transparência na liberação dos recursos. Com a criação do 38º ministério, Lula se aproximará do recorde de Dilma Rousseff, também do PT, que abrigou 39 pastas durante sua gestão e, mesmo assim, foi alvo de um impeachment no Congresso por falta de apoio político.

O objetivo de Lula é atrair para seu lado parte do PP e do Republicanos, que estiveram na base governista na época de Jair Bolsonaro e fazem o caminho de aproximação da atual gestão. “Nós vamos criar, eu estou propondo a criação do ministério da pequena e média empresa, das cooperativas e dos empreendedores individuais. Para que tenha um ministério específico para cuidar dessa gente que precisa de crédito e de oportunidade”, afirmou o presidente durante entrevista propagada através das redes sociais.

Lula falou sobre o tema após uma pergunta sobre desenvolvimento e geração de empregos. Lula respondeu que tem muita gente que quer emprego com carteira assinada, mas que há outros que querem empreender e por isso seu governo precisa dar ferramentas para ajudar esse público.

Em público, o senador Ciro Nogueira (PI), que comanda o PP, e o deputado Marcos Pereira (SP), que preside o Republicanos, classificam os partidos como de direita, rechaçam a participação no governo e afirmam que as siglas continuarão independentes. Mas na prática, as duas legendas têm sido vitais para a aprovação das matérias de interesse do governo no Congresso. Das duas siglas, também saíram as duas indicações de prováveis futuros ministros: Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA).

O caminho para o apoio informal das duas siglas já foi aberto, mas é bom alertar: ele custa caro e é apenas para os bons momentos. Em caso de crise…

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