A tradição política é pródiga em ensinamentos sobre o quanto um bombeiro faz a diferença diante de uma queimada ou um incêndio urbano. Este personagem heroico, no entanto, parece ser artigo em falta no PL de João Pessoa. A sigla que deu votação expressiva ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na capital, perdendo por margem ínfima do presidente Lula (PT) no ano passado, tem agora dificuldade para organizar uma reunião com clima não hostil entre suas principais lideranças. E o mais novo ingrediente neste tempero apimentado é a filiação do ex-ministro Marcelo Queiroga (Saúde), prevista para esta semana.
A notícia de que Queiroga chega a João Pessoa ungido pelo ex-presidente para disputar a prefeitura de João Pessoa tem perturbado o ambiente entre as lideranças estaduais. Os deputados Cabo Gilberto (federal) e Wallber Virgolino (estadual), além do comunicador Nilvan Ferreira, trabalham a tese de que o ex-ministro precisa entrar no partido, pegar a fichinha e ir para trás da fila. A argumentação comum é a de que o ex-dirigente é preparado, tem proximidade com Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do partido, mas é desconhecido na capital e, sobretudo, não tem votos.
As três lideranças, inclusive, ameaçam deixar o partido caso a escolha do candidato não seja feita internamente, sem pressão vinda de Brasília. Pelo que foi exposto até agora, nos bastidores, a palavra final será do ex-presidente. Haveria, portanto, certa gratidão de Bolsonaro pelo trabalho do paraibano durante a pandemia. Queiroga assumiu o Ministério da Saúde no momento em que, sob o comando de Eduardo Pazzuelo, as mortes por Covid batiam recorde e o governo patinava na tentativa de compra e aplicação das vacinas na população.
O fato é que se o clima no partido já não era bom, repleto de brigas internas, ele tende a piorar com a imposição de um nome sem voto para a disputa eleitoral do ano que vem. E o rompimento pode ser consolidado com a disposição de três ou quatro candidaturas dentro do campo conservador, em partidos diferentes. Tudo vai depender do uniforme que será vestido por Queiroga após a filiação. Se for de bombeiro, vai aceitar a disputa interna e correr o risco de não ser o escolhido. Caso adote a postura de ungido, pode não sobrar pedra sobre pedra na sigla para administrar no ano que vem.
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