Executivo
Governo Bolsonaro pagou auxílio a taxistas e caminhoneiros mortos, com habilitação vencida ou morando no exterior
02/06/2023 17:56
Suetoni Souto Maior
Caminhoneiros, em grande parte, apoiaram a tentativa de reeleição de Bolsonaro. Foto: Marcelo Camargo/ABr

Uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) mostrou que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) torrou quase R$ 2 bilhões com benefícios irregulares para caminhoneiros e taxistas enquanto tentava se reeleger (julho a dezembro), no ano passado. O levantamento divulgado nesta sexta-feira (2) pelo órgão de controle mostra que entre os beneficiários estavam caminhoneiros que não tinham cadastro ativo no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas até a data prevista, ou que recebiam outros benefícios como seguro-desemprego e seguro-defeso.

E não para por aí. A lista inclui ainda entre os beneficiários do auxílio motoristas com CPF irregular e até com registro de óbito em sistemas do governo, assim como pessoas que receberam o benefício e ocupam cargo ou emprego público na administração federal e até gente que mora no exterior. Segundo a CGU, falhas na operacionalização desses pagamentos fizeram com que 356.773 pessoas recebessem as parcelas sem ter direito legal aos recursos.

Caminhoneiros e taxistas inscritos receberam R$ 1 mil mensais entre julho e dezembro de 2022 – valor aprovado pelo Congresso como uma forma de mitigar os impactos da oscilação dos preços do petróleo no mercado internacional (que impactou as bombas de combustíveis no país). Na hora de cadastrar os beneficiários e efetuar os pagamentos, no entanto, o governo Bolsonaro teria incluído 110.051 pessoas irregularmente no Auxílio-Caminhoneiro e outras 314.025 no Auxílio-Taxista.

Esses números correspondem, respectivamente, a 27,3% e 78% do total de beneficiários de cada programa, segundo a CGU. Essas pessoas receberam até R$ 7 mil, cada, sem ter direito ao benefício. Isso, justamente no período em que o presidente Jair Bolsonaro tentava a reeleição. Nos dois casos, como o pagamento dos auxílios já foi concluído, a CGU recomenda ao governo a adoção de duas medidas: a primeira é o levantamento do prejuízo total e o segundo é, efetivamente, buscar o ressarcimento dos recursos.

No caso do Auxílio-Taxista, segundo a CGU, os pagamentos indevidos representam:

. 75% do valor pago (R$ 1,395 bilhão do R$ 1,84 bilhão pago ao todo);
. 78% dos beneficiários atendidos (246.722 entre os 314.025 que receberam).

Auxílio-Caminhoneiro
Já para o Auxílio-Caminhoneiro, os pagamentos irregulares identificados pela CGU correspondem a:

25% do valor total pago (R$ 582,8 milhões dos R$ 2,32 bilhões desembolsados);
27,32% dos beneficiários (110.051 dos 402.773 cadastrados).
Assim como no caso dos taxistas, a lista de irregularidades é variada.

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