Desde domingo (15), o assunto na política nacional é a cadeirada dada pelo apresentador José Luiz Datena no ex-coach Pablo Marçal no debate da TV Cultura. Ambos são candidatos a prefeito de São Paulo, a maior cidade da América Latina. Em nenhum momento, antes ou depois do confronto, os dois falaram sobre medidas para o meio ambiente. Isso enquanto o país arde em chamas. Daí alguém pode assumir o papel de defensor e dizer que não há florestas a serem preservadas na capital paulista, assim como na maioria das metrópoles brasileiras. Mas é justamente aí que está o problema.
Em São Paulo, assim como em João Pessoa, o debate ambiental tem ganhado pouco ou nenhum espaço. A capital paraibana é conhecida de forma inapropriada como uma das cidades mais verdes do mundo. Foi uma estratégia de marketing montada três décadas atrás em bases pouco seguras. A verdade é que tirando os oásis verdes da Mata do Buraquinho e do Parque Arruda Câmara, resta uma cidade onde dá-se pouca atenção à arborização. Isso é visto principalmente nos bairros que cresceram muito rápido e mais distantes das áreas centrais, onde os canteiros centrais dão espaço tímido à arborização.
É desafio para qualquer um procurar árvores em Mangabeira, Valentina, Colinas do Sul… Você vai até encontrar áreas privadas aqui e ali, mas elas são poucas. E esse é um tema que precisa urgentemente ser travado nos debates políticos, sob pena de degradação mais rápida da qualidade de vida.
João Pessoa, por sorte, não tem sofrido com a fumaça das queimadas. Isso graças ao movimento dos ventos, vindos do mar. Uma sorte que os municípios do Litoral Norte não têm tido, já que os canaviais ainda hoje são submetidos a queimadas injustificáveis. Nas escolas de Rio Rinto e Mamanguape, alunos e professores rotineiramente usam máscaras por causa da fumaça de queimadas tocadas por usinas com modus operandi medievais. Isso porque as queimadas prejudicam a terra e os animais silvestres nas localidades.
Em todo o país, as queimadas têm virado um pesadelo para fazendeiros muitas vezes responsáveis pelo início das chamas. Em São Paulo, os incêndios provocaram prejuízo estimado em R$ 1 bilhão, segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). No Norte do país, eles ocorrem principalmente provocadas por pessoas interessadas na ocupação das terras para a realização de grilagem. Efeito similar ocorre no Cerrado e no Pantanal. A destruição destas matas, vale ressaltar, resulta não apenas em fumaça, mas também no aquecimento e na eliminação de nascentes.
Por tudo isso, é inacreditável que o tema meio ambiente não ocupe espaço equivalente ao usado para discutir urbanismo, educação ou segurança. Pagaremos um preço por isso.
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