O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), gerou alvoroço nas redes sociais nesta quinta-feira (1º) por ter revelado sua homossexualidade durante entrevista ao jornalista Pedro Bial. Foi a primeira vez que ele falou abertamente sobre o tema e apesar de a questão ser recorrente na política, assim como em qualquer área da sociedade, ela é sempre tratada como tabu na nossa terraplanista sociedade brasileira.
“Eu sou gay. E sou um governador gay, e não um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso”, disse o gestor, como quem procura ressignificar o discurso para ser aceito. Mas ele faz isso por conta da influência cada vez maior do conservadorismo no país. E acreditem, hoje, o Brasil é muito mais conservador que no início dos anos 1990.
É um traço marcante de um movimento incentivado por uma parcela significativa da população que prega a perseguição aos gays, negros e nordestinos, só para citar alguns dos alvos. E é neste contexto que o movimento de Leite é importante, por desmistificar um grupo da sociedade (o dos políticos) onde a homossexualidade é tratada com muita reserva. O próprio governador do Rio Grande do Sul só agora buscou escancarar esse traço da vida privada dele.
Eduardo Leite vem tentando se viabilizar como candidato a presidente da República pelo seu partido, o PSDB. Enfrenta uma disputa dura internamente, principalmente no embate contra o governador de São Paulo, João Dória. Os dois tentam crescer em um ambiente pra lá de árido, com a polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A decisão sobre quem será o candidato vai sair da convenção partidária.
Caso consiga o intento de ser o candidato do PSDB na disputa do ano que vem e, ainda mais, consiga furar a barreira entre lulistas e bolsonaristas e ser eleito, Eduardo Leite não será o primeiro gay a comandar uma nação economicamente importante. Todos vão lembrar do ex-primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair, que comandou o país entre 1997 e 2007. Ele foi eleito o maior ícone gay dos últimos 30 anos por uma revista britânica.
Essa questão da homossexualidade no Brasil, ainda nos dias de hoje, é uma barreira quase intransponível. O que nós temos no caso de Eduardo Leite, por isso, é um ato de coragem, por uma atitude que deveria estar naturalizada há décadas. A orientação sexual não interfere no caráter e nem na competência de ninguém. A discriminação, sim, demonstra fraqueza de caráter, insegurança ou coisa muito, muito pior…
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