Judiciário
Efeito Sérgio Cabral: quatro anos após confissão, Leto Viana nega corrupção, se diz honesto e que foi ‘vítima de um golpe’
25/04/2023 08:00
Suetoni Souto Maior
Leto Viana ficou preso em 2018 por supostos crimes cometidos enquanto atuou como prefeito. Foto: Divulgação

Esqueça tudo o que eu disse. Esse pedido foi feito pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, anos depois de confessar casos de corrupção na administração daquel estado. A mesma estratégia agora é adotada pelo ex-prefeito de Cabedelo, Leto Viana. Quatro anos depois de ter corroborado com as acusações de desvio de recursos e até com a ajuda à compra de um mandato de prefeito, no caso de Luceninha, seu antecessor, o ex-gestor agora diz que nada disso aconteceu. Ele passou um ano e três meses preso após ser alvo da operação Xeque-Mate, que mirou empresários e personagens políticos da cidade portuária.

As novas declarações foram dadas em entrevista ao jornalista Adelton Alves, no Mangabacast, nesta segunda-feira (24). O ex-prefeito disse para todo mundo ouvir que é inocente e que foi vítima de um golpe para tirá-lo do poder. Viana foi preso em 3 de abril de 2018, em ação coordenada em conjunto pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco). Entre as acusações estava a compra do mandato de Luceninha, mas também o recebimento de parte dos salários de servidores fantasmas da prefeitura, enriquecimento ilícito e até a imposição de cartas-renúncia para vereadores aliados.

O ex-gestor foi delatado, na época, pelo ex-presidente da Câmara, Lucas Santino, agora acusado por ele de ter comandado o esquema criminoso na cidade. Diz ainda que o atual prefeito, Vítor Hugo (União Brasil), foi o grande beneficiado pela articulação que o tirou do poder e que teria abrigado suspeitos na administração pública. Sobre as investigações e vastas provas levantadas, inclusive que o levaram à condenação em primeiro grau, diz que o Ministério Público foi induzido ao erro. Sobre a PF, aponta suposta parcialidade de um delegado e um agente.

Procurado pelo blog, o prefeito de Cabedelo prometeu processar o ex-prefeito pelas acusações feitas por ele e atribuiu ao projeto político da mulher de Leto, Jacqueline França, as declarações de agora. Disse ainda que pelo menos sete outras pessoas também estão se preparando para processar o ex-gestor. Leto foi condenado a seis anos de prisão na primeira instância, mas a decisão foi suspensa porque a ação foi transferida para a Justiça Eleitoral.

Confissões de Leto:

Compra de mandato
O ex-prefeito contou em confissão feita em abril de 2019 que o mandato de Luceninha foi comprado em 2013, com recursos destinados pelo empresário Roberto Santiago por meio de cheques. Entre as contrapartidas havia um suposto acordo para que não fosse permitida a construção de um shopping em Cabedelo.

Esquema do lixo
A confissão de Leto Viana também confirmou o que já havia sido encontrado pela Polícia Federal e pelo Gaeco durante as investigações da Xeque-Mate em relação a suposta fraude na contratação de empresa de coleta de lixo.

Desvio de salário de funcionários
O ex-prefeito de Cabedelo, preso na Xeque-Mate, ainda confirmou um esquema de desvio de salário de funcionários da prefeitura. Conforme o documento de confissão, alguns servidores que recebiam R$ 10 mil de salário bruto, cerca de R$ 7,7 mil líquido, ficavam com R$ 3 mil e devolviam a diferença para o prefeito. O documento cita nominalmente 14 servidores que estavam implicados no esquema de repasse de parte do salário.

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