Os últimos dias têm sido cruciais para o debate sobre o preço dos combustíveis na bomba. O governo do presidente Lula (PT) herdou uma armadilha deixada pelo antecessor, Jair Bolsonaro (PL). Como todo mundo sabe, pouco antes da eleição, ano passado, o ex-gestor zerou os impostos sobre os combustíveis com decreto válido só até 31 de dezembro de 2022. Sobrou para a atual administração fazer a recomposição e arcar com o desgaste de ver o valor nos postos de combustíveis subir até R$ 0,70, em relação à gasolina. Um osso que os petistas chutaram para cima, com a prorrogação da Medida Provisória por 60 dias.
Mas a fatura chegou. Em reunião ocorrida nesta segunda-feira (27), houve confronto entre as visões de mundo da equipe econômica, chefiada por Fernando Haddad, e a ala política, encabeçada pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR). O primeiro preocupado com o impacto financeiro da desoneração nas contas e a segunda mais preocupada com a avaliação do governo e o impacto do retorno dos impostos para a inflação. O caminho do meio será costurado nesta terça, em nova reunião. O mais provável é manter a desoneração do etanol e voltar a taxar a gasolina e o etanol de forma gradativa.
Daí surge a novidade anunciada por Haddad. Haveria uma folga em relação à paridade internacional que amenizaria o impacto, já que a Petrobras tem repassado para as distribuidoras a gasolina com um valor maior que o do mercado internacional. Isso faria com que pelo menos parte do valor fosse abatido. A previsão, no entanto, é que haja algum nível de impacto até que o governo emposse, na Petrobras, novos indicados pela atual gestão, permitindo a discussão sobre a paridade com os preços internacionais. Os petistas alegam que os custos de produção são em real, então o preço final deveria seguir esse parâmetro.
Veja os preços praticados atualmente, segundo a Petrobras
. A gasolina comum custava no Brasil, em média, R$ 5,07 por litro (máxima de R$ 6,99 em um posto pesquisado);
. O etanol hidratado custava, em média, R$ 3,80 por litro (máxima de R$ 6,49);
. O óleo diesel S10 custava, em média, R$ 6,10 por litro (máxima de R$ 8,85);
. O GLP (no botijão de 13kg) custava, em média, R$ 107,77, (máxima de R$ 155).
A maior preocupação, em relação a isso, é o impacto de eventuais aumentos nos postos de combustíveis, já que, na Paraíba, por exemplo, eles praticam uma matemática que faria corar o físico Isaac Newton. Tradicionalmente, quando a Petrobras anuncia aumento de R$ 0,40 no repasse para as distribuidoras, ele chega a R$ 1,00 na bomba. Só que recentemente houve a redução de R$ 0,40 no valor do diesel repassado para as distribuidoras e o reflexo disso, em João Pessoa, é que houve uma redução média de R$ 20. O valor médio cobrado era R$ 6,49 e passou para R$ 6,19. Não vi órgão de defesa do consumidor contestar.
É preciso ficar de olho no “aumentômetro” dos postos. Ele está sempre ligado.
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