Judiciário
Da Paraíba ao escândalo nacional de manipulação de resultados nos jogos: só o banimento dos culpados resolve
10/05/2023 21:06
Suetoni Souto Maior
Escândalos no futebol têm trazido descrédito ao esporte. Foto: Fernando Torres/CBF

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta quarta-feira (10) que o esquema de manipulação de jogos estaduais e nacionais será investigado pela Polícia Federal (PF). O anúncio foi feito em uma redes social e o objetivo principal é tirar a limpo uma coisa que tem se tornado comum: a fraude nos resultados. Neste campo, a Paraíba tem algumas lições a dar em relação à busca pelos culpados por infrações similares. Há cinco anos, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, deflagrou a operação Cartola, que apurou a manipulação de resultado nos jogos.

A diferença entre o ocorrido na Paraíba e o escândalo nacional é que por aqui, o caminho da corrupção era feito através da arbitragem. Muita gente foi implicada, desde dirigentes da Federação Paraibana de Futebol (FPF) a dirigentes de clubes. Todos foram afastados e alguns deles “banidos”, pelo menos oficialmente, do futebol. Mais de 30 pessoas foram investigadas e, de lá para cá, a prática, ao que parece, não voltou a ser executada. O esquema, por aqui, atendia aos interesses dos dirigentes dos clubes interessados em vencer as competições.

O escândalo nacional tem outro fio condutor. Nele, o interesse financeiro é das empresas de apostas ou de apostadores interessados em resultados muito específicos e que rendem milhões. Para isso, atletas foram assediados e aceitaram forjar expulsões ou até facilitar a vida dos times adversários nas partidas. Nesta semana, a Justiça tornou réus 16 pessoas envolvidas na manipulação de resultados de 13 partidas, sendo oito do Campeonato Brasileiro da Série A de 2022, um da Série B de 2022 e quatro de campeonatos estaduais realizados em 2023. O mercado de apostas, no Brasil, deve faturar R$ 12 bilhões neste ano.

No documento feito pelo MP e enviado à Justiça, o órgão relata 23 fatos criminosos ocorridos durante as partidas, nas quais jogadores se comprometeram a cometer faltas para receber cartões e a cometer pênaltis. Entre os réus, estão sete jogadores e nove apostadores (veja nomes abaixo).

O órgão cita ainda jogadores que não foram denunciados, mas que são investigados como os ex-jogadores do Goiás, Dadá Belmonte e Sávio, que hoje disputam a elite do futebol brasileiro. O nome de Dadá, que hoje defende as cores do América-MG, por exemplo, aparece pelo menos dez vezes no processo de mais de 100 páginas. Prints mostram conversas dos investigados sobre uma aposta envolvendo o atacante e o zagueiro do Santos, Eduardo Bauermann, que foi afastado por também participar do esquema.

Lista de jogadores denunciados

Eduardo Bauermann (zagueiro, Santos)
Gabriel Tota (meia, Ypiranga-RS)
Paulo Miranda (zagueiro, sem clube)
Igor Cariús (lateral-esquerdo, Sport)
Victor Ramos (zagueiro, Chapecoense)
Fernando Neto (volante, São Bernardo)
Matheus Gomes (goleiro, sem clube)

Demais denunciados:
Bruno Lopez de Moura
Ícaro Calixto
Luís Felipe Rodrigues
Victor Yamasaki
Zildo Peixoto
Thiago Chambó
Romário Hugo dos Santos
Willian de Oliveira Souza
Pedro Gama dos Santos

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