Executivo
Criticado por governadores, Zema recua e diz que não incentivou divisionismo ao defender união do Sul e Sudeste contra o Nordeste
07/08/2023 00:06
Suetoni Souto Maior
Bolsonarista, Romeu Zema prega contra o que chama de protagonismo nordestino na política. Foto: Divulgação/UFMG

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pediu arrego mais uma vez após pregar o divisionismo contra o Nordeste. A tentativa de reeditar o que foi dito ocorreu neste domingo (6), um dia depois de ter dado entrevista ao Estadão. Nela, o político mineiro defendeu a união dos Estados do Sul e Sudeste contra o Nordeste. A meta, nas palavras dele, seria combater o protagonismo político da região. A fala provocou reação dos governadores nordestinos, em carta assinada pelo governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), e até do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

Um dia antes, o tom da entrevista dele foi bem diferente, voltado para o confronto com o Norte e o Nordeste. “Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, disse Zema em mais uma entrevista desastrosa.

Em carta, os governadores nordestinos rebateram, defendendo a união do Brasil para diminuir as desigualdades regionais. “Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual. […] A união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação”, alegou o Consórcio Nordeste, em nota.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou ser “absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais”. Dino acrescentou que “está na Constituição, no artigo 19, que é proibido “criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”. E completou citando uma frase de Ulysses Guimarães, dita em 1988: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria”.

Zema é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e luta para herdar o espólio eleitoral do ex-mandatário, impedido de disputar as eleições de 2026 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O governador de Minas foi reeleito no ano passado, mas não conseguiu transferir os votos necessários para o ex-presidente, que foi derrotado por Lula (PT) naquele estado. O atual presidente também foi mais votado em todos os estados nordestinos. Este é o segundo recuo dele relacionado ao Nordeste. Em junho, ele fez declaração preconceituosa relacionada aos programas sociais e depois pediu desculpas.

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