O ministro da Economia, Fernando Haddad, finalizou o ano com bons números na área econômica. O Produto Interno Bruno (PIB) tem projeção de crescimento bem superior ao previsto, a inflação caiu e o nível de emprego cresceu em relação às gestões anteriores (Jair Bolsonaro e Michel Temer). Mesmo assim, se vê como um “patinho feio” dentro do Partido dos Trabalhadores. Em entrevista publicada nesta terça-feira (2), em O Globo, diz não se enxergar como o “pós-Lula” e demonstra ressentimento pelo partido comemorar os índices econômicos, mas ao mesmo dizer que o Ministério da Fazenda faz tudo errado.
Sobre Lula, ele entende que o presidente deverá ser candidato à reeleição, em 2026. “O Lula foi três vezes presidente. Provavelmente, será uma quarta. Ao mesmo tempo que é um trunfo ter uma figura política dessa estatura por 50 anos à disposição do PT, também é um desafio muito grande pensar o day after. Eu não participo das reuniões internas sobre isso. Mas, excluído 2026, o fato é que a questão vai se colocar. E penso que deveria haver uma certa preocupação com isso”, disse.
Sobre o “day after”, ele diz não se ver como sucessor do presidente e atribui ao acaso o fato de ter concorrido há cinco anos. “Eu não penso. E só passou pela minha cabeça em 2018 porque era uma situação em que ninguém queria ser vice do Lula. E aí, um dia, ele falou: “Haddad, acho que vamos sobrar só nós dois”. Dentro da cadeia. Eu disse: “Pense bem antes de me convidar, porque vou aceitar”. E acabou acontecendo. Mas era um momento particular. Eu próprio me engajei na sensibilização do Ciro Gomes e do Jaques Wagner para que eles fossem vice. Porque entendia que eram figuras mais consensuais”, enfatizou.
Do ponto de vista econômico, demonstrou desconforto com um documento interno do PT que falava em ‘austericídio’ (suicídio econômico por políticas de cortes de gastos) para descrever a política de gastos do governo. “Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: ‘A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!’ E o Haddad é um austericida.Então, ou está tudo errado ou está tudo certo. Tem uma questão que precisa ser resolvida, que não sou eu que preciso resolver”, disse.
“Não dá para celebrar Bolsa, juros, câmbio, emprego, risco-país, PIB que passou o Canadá, essas coisas todas, e simultaneamente ter a resolução que fala ‘está tudo errado, tem que mudar tudo’. Alguma coisa precisa ser pensada a respeito, mas não tenho problema com isso”, acrescentou Haddad.
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