O governo do Estado e o Ministério da Saúde voltaram suas atenções para a cidade de Lucena, na Região Metropolitana de João Pessoa. No alvo, o episódio em que pelo menos 48 crianças receberam vacina da Pfizer com doses destinadas aos adultos e ainda com data de validade vencida em grande parte delas. A prefeitura, lógico, jogou a culpa para cima da técnica de enfermagem responsável pela aplicação. E ela tem, sim, culpa no cartório. Mas convenhamos, não pode ser o bode expiatório. Até que se prove o contrário, todos os responsáveis pela Saúde no município e o prefeito Léo Bandeira precisam ser responsabilizados.
As informações indicam que a imunização de crianças com doses específicas para adultos começou em dezembro e se estendeu até o início deste mês. Só no último sábado (15) os casos ganharam repercussão, após denúncias feitas por pais, que relataram reações à vacina típicas do imunizante, visíveis até em adultos. Alguns relataram febre, outros dor no braço e outros ainda estes sintomas associados a sintomas de uma gripe normal. Até o momento, não há registro de agravamento nos casos dos vacinados.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez visita nesta segunda-feira (17) ao município. Procurou e ouviu mães de crianças, mas chamou mais a atenção pelo alarde que fez em relação às possíveis consequências. Falou em risco de miocardite nos jovens, o que vai carecer de acompanhamento para que seja confirmada ou descartada. De qualquer forma, a entrevista do gestor acabou gerando apreensão entre membros dos órgãos que investigam o caso. Representantes da Secretaria de Saúde do Estado e dos Ministérios Públicos Federal e da Paraíba acompanham o caso.
As primeiras informações mostram que a vacina é segura, mas sobretudo escancaram o grau elevado de desconhecimento e displicência da prefeitura. O prefeito Léo Bandeira se apressou em afastar a técnica de enfermagem que ministrou as doses. É verdade que pouco pode-se dizer em relação ao bom senso da servidora. Afinal, qualquer pessoa com um mínimo de noção saberia que o imunizante não estava liberado para esta faixa etária, muito menos na dosagem destinada aos adultos. Os pais também não poderiam se dar ao luxo de desconhecer o noticiário, mas, no caso deles, é aceitável pelo baixo nível de instrução.
Ao Ministério Público Federal a servidora disse ter sido orientada pela Secretaria de Saúde a vacinar todos o que quisessem porque o imunizante estava para vencer. Não se sabe por que cargas d’água ela decidiu incluir crianças no leque de vacináveis. Contra a gestão ainda pesa a acusação de que a servidora atuava sozinha, acompanhada apenas de um motorista e sem nenhuma fiscalização. É o cúmulo do descaso e da falta de gestão. Para completar, a apuração mostrou que 36 das 48 crianças tomaram vacinas vencidas, o que aumenta ainda mais a responsabilidade dos gestores.
O prefeito da cidade deve ser ouvido nesta terça-feira (18) pelos Ministérios Públicos Federal e da Paraíba. No encontro, ele precisa responder o porquê dos problemas gerados e, sobretudo, as providências que serão adotadas. Isso porque fatos do gênero costumam minar a confiança de muita gente boa que vem sofrendo com o assédio dos negacionistas que se posicionam contra a vacina. O que se viu até agora é que apesar da patacoada provocada pela administração pública de Lucena, nenhuma criança sofreu complicações mais sérias. Elas, lógico, precisam ser acompanhadas.
O secretário Estadual de Saúde, Geraldo Medeiros, disse que o governo estadual vai assumir a imunização na cidade. É um merecido atestado de desconfiança em relação à prefeitura. Em relação à vacina da Pfizer desenvolvida para as crianças, com dosagem específica para elas, todos os estudos indicam que ela é segura. Isso foi atestado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No mundo, pelo menos 10 milhões de crianças foram imunizadas com o imunizante sem o registro de nenhum efeito adverso grave. Ou seja, a vacina é confiável.
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