Executivo
Sem ‘controle’ sobre liderados, João Azevêdo encontra dificuldades para montar chapa governista
01/04/2022 19:04
Suetoni Souto Maior
João Azevêdo e Aguinaldo Ribeiro durante encontro recente. Foto: Divulgação

As cobranças direcionadas ao governador João Azevêdo (PSB) nos últimos dias pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) têm encontrado eco no mundo político. O parlamentar, favorito do gestor para a disputa do Senado, cobra do mandatário que ele assuma as rédeas do bloco governista e construa a unidade em torno dos integrantes da chapa. Isso quer dizer que todos os partidos inseridos no arco de alianças precisam votar e pedir votos para todos os integrantes da majoritária. Isso inclui governador, vice e senador. A equação, apesar de natural, tem ganhado ares de pastelão nos últimos dias.

O desconforto surgiu depois da saída de Efraim Morais (União Brasil) da base governista. Ele esperou por um longo período uma definição para a chapa majoritária. Queria a vaga de senador e recebeu a proposta de disputar a vice. A sugestão foi recusada e o parlamentar bateu em retirada. Foi a segunda liderança de peso a deixar o guarda-chuva governista e também a segunda a ir fortalecer blocos antagonistas. O primeiro foi o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que se lançou na disputa pelo governo. E há a surpreendente suspeita de que a sangria não foi estancada.

Isso porque a simples oferta do governador de espaço na majoritária não atende aos interesses de quem não quer entrar na disputa apenas para fazer volume. Aguinaldo, neste caso, cobra o óbvio, a unidade da base aliada em torno dos integrantes da majoritária. Ou seja, quem votar no governador tem que pedir voto também para senador. Essa cobrança sempre foi uma prerrogativa do cabeça de chapa. O nó principal tem a ver com o Republicanos. A maioria das lideranças da sigla fechou acordo com Efraim Morais lá atrás. O deputado foi para a oposição e manteve a rede de apoios na base do governador.

O natural em um episódio como este seria o governador, enquanto cabeça da chapa majoritária, buscar as lideranças do Republicanos e costurar a unidade do grupo. Sem isso, segundo o apurado pelo blog, o parlamentar não vai se aventurar na disputa pela vaga no Senado, o que amplia o surpreendente esvaziamento da chapa. O governador tem dito que as definições devem sair do papel até a semana que vem. É verdade que tem havido uma exótica precipitação das candidaturas, fruto da pressa dos postulantes pela antecipação do quadro eleitoral, mas o fenômeno é nacional. O ex-presidente Lula (PT), por exemplo, já escolheu o vice.

Diante do fato, a cobrança dos aliados é que o governador assuma de vez as rédeas da condução política e aponte a direção a ser seguida por todos, sem caminho de volta. A lição lembrada, neste caso, é a do desbravador espanhol Hernán Cortez, que, no século 16, mandou queimar os barcos para que a tropa dele não recuasse diante do inimigo durante incursão pelo México. A posição radicalizada tem motivo de ser. É que as pedras no xadrez político estão sendo mexidas todo o tempo e perder o controle delas pode custar caro demais.

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