Executivo
Se João Azevêdo não impuser “DR” entre PP e Republicanos urgentemente, terá dificuldades no projeto de reeleição
18/06/2022 08:14
Suetoni Souto Maior
João Azevêdo trabalha pela reeleição no pleito deste ano. Foto: Divulgação/Secom-PB

Quem dispensar alguns minutos para analisar a cena política paraibana nos últimos dias vai chegar a uma conclusão lógica: ou o governador João Azevêdo (PSB) senta numa mesa com as principais lideranças do Republicanos e do PP na Paraíba e apara as arestas, ou pode dar adeus ao projeto de reeleição. As duas siglas, pelo poder arregimentado nos últimos anos, se apresentam como bons sustentáculos para um projeto eleitoral. Se você me perguntar se dá para ser competitivo sem as duas ou sem uma delas, eu diria que sim. Afinal, estamos falando de um projeto de reeleição. Mas se é para manter as duas, é preciso unidade.

A balbúrdia desmedida entre comandados é o pior dos mundos. O líder só deve admitir desordem na sua base quando o objetivo for criar uma nova ordem e esse não parece ser o objetivo. Todos sabemos que a construção de unidade entre os dois partidos não é fácil, pelo ponto que as coisas chegaram. E nesta altura do campeonato, com trocas de farpas de lado a lado, apenas o governador, pelo status conferido pelo cargo, tem condições de chamar o feito à ordem – coisa que, sejamos francos, o gestor não fez até o momento. Ele deixou a rédea frouxa para que os players se dispusessem na raia. Mas esse tempo já acabou. É hora de assumir o controle.

Os dois partidos têm musculatura e pelo menos um deles, o Republicanos, vive uma relação simbiótica com o governo de João Azevêdo. As fileiras do partido têm nomes como o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, e o líder do governo, Wilson Filho. Tem também o deputado Raniery Paulino, outro grande aliado de João, além, lógico, do presidente estadual do partido, o deputado federal Hugo Motta. Isso sem esquecer do deputado federal Wilson Santiago. Todos estão há muitos anos na base governista e possuem relação estreita com a gestão. Mas isso não quer dizer que o PP fique muito atrás.

Os progressistas têm sua maior força no municipalismo. Ter o apoio do partido significa afinamento em cidades como João Pessoa, Santa Rita e Cajazeiras. O prefeito da capital, Cícero Lucena, foi desde o início o maior incentivador da aliança anunciada na última quarta-feira (15). Em um primeiro momento, a deputada estadual Jane Panta se mostrou refratária, mas mudou de posição ao longo da semana. Ela, agora, até já nutre a esperança de ser indicada para vice na chapa. Resta uma aresta a ser contornada, que é a situação do deputado Galego Sousa. A questão dele é paroquial e tende a ser resolvida com algum nível de diálogo.

Mas o grande problema nisso tudo é que os dois grupos não se entendem e agora brigam pelo mesmo espaço na chapa, a vaga de vice. Todo mundo tem argumentos de sobra para reclamar e calcanhar de aquiles que tentam esconder. O Republicanos anda chateado porque sonhava com a vaga de vice na chapa de João, mas em nenhum momento franqueou voto fechado na chapa majoritária. A maioria dos parlamentares da sigla pretende votar em Efraim Filho (União Brasil) para o Senado. Ou seja, apoiará ao mesmo tempo as chapas de João e Pedro Cunha Lima. É difícil explicar isso ao eleitor.

O Progressistas até caminhou bem na promessa de entregar unidade no partido, mas frustrou as expectativas quando prometeu Aguinaldo Ribeiro para a disputa do Senado e acabou apenas sugerindo o espaço de vice na chapa. Conta contra a sigla, também, o fato de ser cristã nova na composição. Uma composição que vem perdendo lideranças desde o ano passado, período em que viu o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e Efraim Filho buscarem projetos pessoais fora do agrupamento. A conclusão mais lógica disso tudo, porém, é que se João Azevêdo não cuidar, enfrentará novas perdas.

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