Executivo
PSDB: de partido nacional a federação de interesses particulares
23/05/2022 07:09

Suetoni Souto Maior

João Dória tenta convencer os dirigentes do partido de que tem viabilidade eleitoral. Foto: Divulgação

A cúpula do PSDB deve se reunir nesta segunda (23) com o ex-governador João Doria para tentar convencê-lo a desistir da disputa presidencial. O movimento é visto pelas principais lideranças do partido como tábua de salvação para os projetos regionais, no pleito deste ano. Trocando em miúdos, eles entendem que não vale a pena gastar parte substancial das verbas do fundo eleitoral com uma candidatura que, até agora, não demonstrou pujança suficiente para rivalizar com o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), líderes das pesquisas.

O movimento das lideranças do partido, entre elas o deputado federal mineiro e ex-presidenciável Aécio Neves, representa também o ajoelhamento da sigla à máxima de que deixou de ser um partido grande para se transformar em federação de interesses particulares. Ou seja, um partido sem qualquer pretensão nacional. O objetivo do presidente da agremiação, Bruno Araújo (PE), é potencializar as candidaturas para deputado federal e senador. Esse será o caminho para garantir a permanência da sigla em boa colocação na divisão futura do bolo orçamentário destinado às campanhas.

E os dirigentes têm pressa para que isso aconteça. Eles querem evitar que o embate se estenda até a convenção partidária, entre julho e agosto, além de deixar claro que o partido avalia a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como mais viável para enfrentar o cenário de polarização. A conversa, que deve ser em São Paulo, antecede outro encontro da Executiva marcado para amanhã, quando Tebet deve ser avalizada, ou não, pela direção tucana. Na tentativa de demover Doria, correligionários têm dito que o paulista pode ser vice da senadora, mas ele resiste.

Segundo aliados do ex-governador, Doria deve pedir que o partido adie a decisão e lhe dê mais tempo para que possa crescer nas pesquisas de intenção de voto — no último Datafolha, ele aparece com 3%, contra 1% de Tebet. No encontro, deve haver uma apresentação de uma pesquisa quantitativa e qualitativa do Instituto Paulo Guimarães, utilizada como argumento para a possível escolha de uma candidatura de Tebet por PSDB, MDB e Cidadania. Uma das justificativas é que a senadora tem menor rejeição. Doria tem reclamado que não teve acesso aos dados. O choro do tucano, no entanto, não deve demover os aliados.

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