Executivo
Polarização nacional já dá as cartas nas composições para eleição estadual
02/03/2022 12:45
Suetoni Souto Maior

A questão paroquial sempre teve muita força nas eleições, na Paraíba. Não é diferente do que ocorre (ou ocorria) na maioria dos estados. Mas neste ano as principais figuras políticas têm buscado em suas articulações, de forma pouco comum, o espelhamento na polarização nacional. De um lado, agrupamentos buscam ancorar suas candidaturas no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das pesquisas até agora. Do outro, a busca é pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem a máquina na mão e potencial de crescimento na reta final da disputa eleitoral. As exceções a isso são poucas.

O ex-presidente Lula é disputado a tapa pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e pelo governador João Azevêdo (PSB). Ambos têm influência sobre parte do PT, que, na Paraíba, mantém a risca a tradição de partir dividido para as disputas eleitorais. Veneziano teve a pré-candidatura lançada dentro de um alinhamento com o ex-governador petista Ricardo Coutinho. O parlamentar era trabalhado pelo grupo para ter o palanque único do ex-presidente. A realidade mudou quando João Azevêdo trocou o Cidadania pelo PSB. Isso tornou mais difícil a tese de palanque único.

No outro lado do fio estão os nomes que oferecem palanque para o presidente Jair Bolsonaro. O grupo é encabeçado pelo comunicador Nilvan Ferreira (PTB), que se lançou candidato buscando reeditar a receita usada em 2020, na disputa pela prefeitura de João Pessoa. A diferença é que ao contrário daquele ano, quando foi derrotado pelo prefeito Cícero Lucena (PP), ele disputa sozinho o posto de candidato de Bolsonaro na Paraíba. Wallber Virgolino (Patriota), um ex-adversário, agora está no mesmo palanque e disputará a reeleição para a Assembleia Legislativa.

Outro candidato da oposição que merece atenção é Pedro Cunha Lima (PSDB). O tucano é o único que vai para a disputa sem fazer conta da polarização nacional. Na verdade, ele tem tentado fugir dela. O parlamentar chegou a indicar cargo no governo de Jair Bolsonaro, apesar de nunca ter aceitado a carapuça de bolsonarista e até de ter sido crítico ao gestor em alguns momentos. A posição é distinta de grande parte do clã Cunha Lima, alinhado ideologicamente ao presidente. Pedro integrou o grupo favorável à candidatura frustrada de Eduardo Leite (RS) à Presidência e terá que seguir João Dória (SP), vencedor da disputa interna.

Também fora da linha da polarização, a vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) tem garantido que não desistirá da disputa eleitoral. Ela entra com o objetivo de oferecer palanque ao presidenciável Ciro Gomes, do mesmo partido. A postulante, em alguns momentos, chegou a ser apontada como virtual candidata de Lula na Paraíba, mas foi rifada após dizer que o palanque dela não seria exclusivo para o ex-presidente. A negociação incluía, até, a filiação do deputado federal Damião Feliciano ao partido, mas não andou.

A tradição paraibana incluía no passado até a formação dos famosos comitês suprapartidários, unindo grupos antagônicos. A distância ideológica entre os candidatos do plano nacional atualmente são tão grandes que a prática se torna impensável no Estado. Ela talvez vigore entre os candidatos mais ao centro, como Lígia e Pedro, sendo uma mais à esquerda e o outro à direita. O resultado disso veremos em breve.

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