O comunicador Nilvan Ferreira (PL), como todo mundo sabe, não vai mais disputar as eleições de João Pessoa. Ele oficializou a desistência nesta sexta-feira (2), nas primeiras horas da manhã. O ato arrancou sentimentos diversos de aliados e opositores, mas sobretudo, antecipou a discussão sobre o destino dos eleitores do comunicador. O espólio migra para qual das opções restantes na disputa? Vai para o ex-ministro Marcelo Queiroga (PL), nome imposto pela direção nacional do partido? Vai para o prefeito Cícero Lucena (PP) ou para Ruy Carneiro? A resposta pode surpreender algumas pessoas.
Criou-se desde muito tempo a tese de que o eleitor de Nilvan Ferreira, tanto na eleição de 2020, quando em 2022, era majoritariamente oriundo da periferia e que, portanto, tinha perfil mais popular. Isso pode levar à falsa impressão de que este mesmo eleitor, em grande parte, votou também no presidente Lula (PT), arquirrival do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Só que isso não é exatamente verdade. Basta olhar bem os números dos votos na última eleição para ver em que regiões da cidade Nilvan teve melhor desempenho. E advinha? A vantagem para ele foi maior nos bairros da praia e no Centro.
A dedução mais lógica, com isso, é que o eleitor de Nilvan em João Pessoa é majoritariamente bolsonarista e isso transpassa a questão social. Basta lembrar que Bolsonaro conquistou mais de 203,9 mil votos no primeiro turno das eleições para presidente na capital, em 2022. Foi um pouco abaixo de Lula, que teve 217 mil. E Nilvan surgiu em primeiro lugar entre os candidatos ao governo, provando que houve transferência de voto, sim, mas de Bolsonaro para o comunicador, já que o ex-presidente teve mais votos. E neste bolo, você pode contar votos bolsonaristas da periferia e dos bairros mais ricos, de forma indistinta.
Daí, é fácil concluir que o voto de Nilvan, hoje, naturalmente, deve migrar para Queiroga, que foi escalado pela cúpula do partido e por Bolsonaro para enfrentar o atual prefeito, Cícero Lucena, nas urnas. E isso vai acontecer por causa da afinidade do ex-ministro com o bolsonarismo da capital. Este fenômeno poderia ocorrer mesmo que Nilvan permanecesse na disputa, já que o bastão do ex-presidente foi passado para Queiroga. A saída dele apenas acelera o processo, já que o bolsonarista raiz tende a seguir o caminho indicado pelo “capitão”.
Daí não vai adiantar o deputado federal e pré-candidato Ruy Carneiro (Podemos) se desdobrar em mimos ou argumentos carinhosos em relação a Nilvan. O mesmo vale para o prefeito Cícero Lucena. Esse eleitor bolsonarista que votou em Nilvan, more ele na periferia ou na beira da praia, tende a migrar para Queiroga.
De saída do pleito, Nilvan prometeu anunciar em junho ou julho seu posicionamento na capital. Resta saber se até lá esse espólio ainda estará nas mãos dele ou se já terá migrado para o hoje pouco conhecido Marcelo Queiroga.
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