A tradição da política paraibana ensina a emendar uma eleição na outra. As urnas, afinal, revelam a disposição das peças na mesa e dão indicativos do humor dos eleitores para o próximo pleito. E o retrato tirado delas, agora, é o de uma grande vantagem do grupo liderado pelo governador João Azevêdo (PSB) em relação ao bloco de oposição composto por lideranças do União Brasil, MDB e PSDB. O grupo elegeu mais de dois terços dos prefeitos, incluindo Cícero Lucena (PP) em João Pessoa, enquanto a oposição teve desempenho mais modesto, apesar de ter preservado Campina Grande, com a reeleição de Bruno Cunha Lima (União).
Isso por si só é determinante para um possível sucesso em 2026? Absolutamente, não. Tem muitas peças com movimentos indefinidos ainda. O futuro de duas destas lideranças em particular pode mudar muito o quadro. O primeiro é o do governador João Azevêdo (PSB). O partido dele elegeu 69 prefeitos e comanda o estado. Mas ele não deixou claro se permanece até o fim e sai da política ou se renuncia em abril de 2026 para disputar o Senado. Se este último cenário se confirmar, Lucas Ribeiro (PP) assume o governo e disputará a reeleição, enquanto a mãe dele, Daniella Ribeiro (PSD), tende a desistir de tentar a renovação do mandato no Senado.
Tem ainda a situação do outro campeão de votos, o Republicanos do deputado federal Hugo Motta. Se ele for eleito presidente da Câmara dos Deputados no ano que vem, como tem chances reais, deve disputar a reeleição em 2026. Caso contrário, chegará forte para disputar o governo ou de uma vaga no Senado. Tudo vai depender da conjuntura nacional. O presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, do mesmo partido, também se coloca como opção. Liderança de proa no Legislativo paraibano, o parlamentar vem tentando há anos uma oportunidade na disputa majoritária para o governo estadual.
Há ainda outras figuras políticas que terão primazia nas articulações do grupo, como o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP). Ele chegou a ser cotado para a disputa do Senado dois anos atrás, mas acabou abrindo mão e emplacou o sobrinho na chapa de João Azevêdo.
Para 2026, pesa a favor do grupo o fato de ter preservado e ampliado a base nas pequenas cidades e na capital. O grande desafio, no entanto, será manter unido um bloco tão grande e dentro dos mesmos objetivos. As jóias da coroa, na próxima eleição, são o governo e o Senado e há os interesses de muitos caciques nestas vagas.
Em relação à oposição, é possível dizer que a vitória de Bruno Cunha Lima deu sobrevida a um grupo que desaprendeu o caminho da vitória nos últimos anos. Liderados pelo ex-senador Cássio Cunha Lima, o bloco teve a última grande vitória em 2010, quando o próprio Cássio chegou ao Senado. De lá para cá, o insucesso foi revelado em seguidas tentativas de reconquistar o comando do Estado. A última foi em 2022, quando Pedro Cunha Lima (PSDB) chegou ao segundo turno na disputa com o governador João Azevêdo, que conseguiu a reeleição naquele momento.
Para 2026, no entanto, a manutenção de Bruno no comando de Campina Grande surge como uma vitória importante. O bloco foi reforçado, nos últimos anos, com a chegada de Efraim Filho (União Brasil) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB), ambos senadores. Os dois têm muito interesse no pleito de daqui a dois anos. O primeiro, talvez, para a disputa do governo e o segundo sonhando com a permanência no Senado. Tem ainda as situações do deputado federal Romero Rodrigues e de Pedro. A vida deles, na composição, ainda vai depender de muita conversa.
O que se pode dizer, por enquanto, é que o resultado das urnas dá grande vantagem para o grupo que está no poder, mas a permanência deste quadro está intimamente ligada a como as peças de lado a lado serão mexidas. Dois anos passam rápido. A conferir…
Veja a lista completa de partidos com prefeitos eleitos na Paraíba:
PSB – 69 prefeitos
Republicanos – 50 prefeitos
MDB – 23 prefeitos
União Brasil – 22 prefeitos
PP – 20 prefeitos
PL – 11 prefeitos
PSD – 11 prefeitos
PSDB – 9 prefeitos
Solidariedade – 2 prefeitos
PDT – 2 prefeitos
Avante – 1 prefeito
Rede – 1 prefeito
PT – 1 prefeito
PSD – 11 prefeitos
PSDB – 9 prefeitos
Solidariedade – 2 prefeitos
Avante – 1 prefeito
Rede – 1 prefeito
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