Existe método no esforço do governo federal para desidratar as universidades públicas. E não raro ele é escancarado em declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seus ministros. A declaração mais recente foi proferida nesta segunda-feira (9) pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro. E deveria causar surpresa por vir dele, mas isso não ocorre. Para o auxiliar do governo, o acesso às universidades deveria ser para poucos. Ou seja, naturalmente não para os mais pobres.
A declaração foi dada no programa Sem Censura, da TV Brasil, no qual o ministro também disse ter tomado um susto ao saber de algumas das atribuições do MEC (Ministério da Educação) quando assumiu o cargo, no ano passado. Indagado sobre os institutos federais de educação, ciência e tecnologia, ele afirmou que serão as “vedetes do futuro”. “Com todo o respeito que tenho aos motoristas, é uma profissão muito digna, mas tem muito engenheiro, muito advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida”, disse.
Na visão do ministro, esses profissionais se dariam melhor se eles fossem técnicos em informática, “porque há uma demanda muito grande”. “Então acho que o futuro são os institutos federais, como é na Alemanha. Na Alemanha, são poucos os que fazem universidade, universidade na verdade deveria ser para poucos nesse sentido de ser útil à sociedade”, afirmou. Em 2009, Ricardo Vélez, o primeiro ministro da Educação no governo Bolsonaro, disse que as universidades deveriam “ficar reservadas para uma elite intelectual”.
O próprio presidente já fez críticas fortes à política de cotas do governo federal em várias oportunidades. E o exemplo é seguido por Ribeiro. Nesta segunda-feira, após criticar a política de cotas, ele disse também não ver problema em jovens “filhinhos de papai” ocuparem vagas das universidades públicas. O ministro lembrou que 50% das vagas das federais são reservadas a alunos de escolas públicas e as demais, segundo ele, vão para alunos com melhores condições. “O que também eu acho justo, considerando que os pais desses meninos tidos como filhinhos de papai são aqueles que pagam os impostos no Brasil que sustentam bem ou mal a universidade pública”, afirmou.
Guedes
Outro crítico ao investimento federal nas universidades é o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele reclamou recentemente do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) por considerá-lo um desastre e por, segundo ele, ter enriquecido empresários. A informação foi divulgada pelo Estado de S. Paulo nesta quinta-feira (29/4) e se refere a falas proferidas em reunião em que o ministro não sabia que era gravado. Nela, o ministro critica o fato de o filho do porteiro estar na universidade, mesmo, segundo ele, tirando zero.
Guedes teria afirmado que o programa deu “bolsa para quem não tinha a menor capacidade. Não sabia ler, escreve”. Na mesma reunião, de acordo com a publicação, Guedes disse que as universidades estão em estado “caótico”, e exemplificou: “Paulo Freire. Ensinando sexo para criança de 5 anos. Todo mundo… maconha, bebida, droga. Dentro da universidade. Estado caótico. Eu prevejo o mesmo fenômeno para a saúde”.
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