Executivo
Maturidade: Pedro é o primeiro derrotado na disputa pelo governo a não judicializar o resultado em 24 anos na Paraíba
03/11/2022 18:05
Suetoni Souto Maior
Pedro Cunha Lima falou ao lado de aliados no pleito deste ano. Foto: Reprodução/Instagram

Quem acompanhou a entrevista coletiva do deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), nesta quinta-feira (3), viu algo surpreendentemente na política paraibana das últimas duas décadas: um líder político, bem votado, admitindo a derrota e felicitando o adversário. Apesar de trivial no plano das ideias, a última vez que uma eleição para o governo da Paraíba terminou sem contestação na Justiça Eleitoral foi em 1998, quando José Maranhão (já falecido) venceu o ex-deputado federal Gilvan Freire. De lá para cá, foi só ladeira abaixo quando o assunto diz respeito ao resultado das urnas.

Em 2002, por exemplo, o ex-governador Roberto Paulino questionou as urnas eletrônicas. Apontou risco de fraude, inaugurando a onda de contestações que avançou com Aécio Neves (PSDB-MG) na disputa das eleições de 2014 e ganhou corpo mais recentemente com o presidente Jair Bolsonaro. Paulino perdeu naquele ano para Cássio Cunha Lima (PSDB), pai de Pedro. Quatro anos depois, quando disputou a reeleição, o tucano venceu José Maranhão. Este último buscou um terceiro turno com a judicialização do pleito e acabou assumindo o comando do Estado em 2009.

Um ano depois, quando disputou a reeleição, Maranhão foi batido pelo ex-governador Ricardo Coutinho, hoje no PT. O resultado foi alvo de contestação judicial, mas a empreitada foi fracassada. Então, chegou-se ao ano de 2014, quando Ricardo venceu Cássio e conquistou a reeleição. Só que o tucano entrou com ação e o processo se arrastou por todo o mandato do ex-socialista. Ele concluiu os quatro anos de governo, porém, em grau de recurso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tonou-o inelegível em decisão que produziu efeitos até este ano.

Na sequência, em 2018, o governador João Azevêdo (PSB) venceu a eleição no primeiro turno e novamente houve questionamento, vindo do segundo colocado no pleito, Lucélio Cartaxo (PT). Neste ano, por outro lado, houve uma campanha muito disputada e recheada de acusações de lado a lado, porém, o resultado após a apuração foi o recolhimento das armas. Pedro até felicitou o governador João Azevêdo pela vitória e se escalou para comandar uma oposição fragmentada. Ele obteve mais de 1 milhão de votos e perdeu por pouco mais de 117 mil votos.

Resta torcer que não esperemos mais 24 anos por outro momento de calmaria pós-eleição.

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