Executivo
Marcelo Queiroga “sobe no muro” quando o assunto é lockdown
16/03/2021 12:08
Suetoni Souto Maior
Marcelo Queiroga (D) ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação

As primeiras declarações do médico Marcelo Queiroga, após ser confirmado no Ministério da Saúde pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ainda são pouco esclarecedoras sobre a postura que ele adorará à frente da pasta. A postura é negativa para o momento, quando governadores seguem para um lado e o presidente para o outro. Um grupo defende política rígida de distanciamento e o outro ressalta a importância de salvar empregos.

Sobre essa tese de realização de lockdown ou não, em entrevista à CNN, o ministro admitiu que as medidas podem ser aplicadas em “situações extremas” e “não pode ser política de governo”. A posição surge no momento em que o país se aproxima de 280 mil mortos. Na Paraíba, o número de vidas perdidas nesta segunda-feira (15) foi de 59, um recorde absoluto do início da pandemia para cá. Além disso, a ocupação dos leitos de UTI se aproximam de 100% na Região Metropolitana de João Pessoa.

“Esse termo de lockdown decorre de situações extremas. São situações extremas em que se aplica. Não pode ser política de governo fazer lockdown. Tem outros aspectos da economia para serem olhados”, afirmou Marcelo Queiroga em entrevista à CNN. O ministro, com isso, dá um passo atrás em relação a declarações anteriores. O discurso dele, no momento atual, casa mais com o que é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.

O presidente foi bastante criticado desde o início da pandemia por conta da visão pouco ortodoxa em relação ao enfrentamento da pandemia. Em sequência, todos os ministros que não concordaram com ele, inclusive em relação ao tratamento com uso de Cloroquina e ivermectina, tiveram vida curta no ministério. A lista inclui Henrique Mandetta e Nelson Teich. O último no cargo, Eduardo Pazuello, durou mais por ter tido maior convergência com o presidente.

Segundo o novo ministro, é preciso “assegurar que atividade econômica continue, porque a gente precisa gerar emprego e renda. Quanto mais eficiente forem as políticas sanitárias, mais rápido vai haver uma retomada da economia.” O cardiologista avaliou que as vacinas adquiridas por Eduardo Pazuello devem garantir um programa de vacinação “amplo” e ressaltou que, na conversa que tiveram mais cedo, o presidente pediu que questões operacionais sejam expostas de forma clara.

Queiroga defendeu que é preciso ampliar o diálogo com estados, municípios e diversos atores da sociedade para vencer o novo coronavírus. “Ou seja, criar uma grande união nacional, com um propósito de vencer a pandemia”, disse o cardiologista paraibano.

Indagado sobre a defesa de tratamento precoce para Covid-19 por Bolsonaro, Queiroga defendeu que “é algo que precisa ser analisado para que a gente consiga chegar a um ponto comum que permita contextualizar essa questão no âmbito da evidência científica e da ciência”.

“Isso é uma questão médica. O que é tratamento precoce? No caso da Covid-19, a gente não tem um tratamento específico. Existem determinadas medicações que são usadas, cuja evidência científica não está comprovada, mas, mesmo assim, médicos têm autonomia para prescrever”, ponderou.

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