A diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), nesta segunda-feira (12), foi repleta de emotividade e recados. Eles vieram do público presente, dos eleitos e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. O tom dado pelo petista e pelo ministro, em seus discursos, foi voltado principalmente para a exaltação da democracia. Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) em nenhum momento, ambos criticaram o que chamaram de tentativas de desacreditar o processo eleitoral, as urnas eletrônicas e a democracia.
O tom mais duro, no discurso, foi dado por Moraes, que atuou como uma espécie de xerife durante a campanha, adotando postura dura contra pessoas e empresas suspeitas de envolvimento com supostas ameaças à democracia ou disseminação de fake news. Em sua fala, “Xandão”, como é jocosamente apelidado pelos desafetos, disse que os responsáveis estão sendo identificados e serão “integralmente responsabilizados”. Lembrou dos ataques que sofreu e sofre, vindo de “extremistas” que, segundo eles, tentam solapar a democracia e o Judiciário.
Moraes listou três pilares que são atacados quando se tenta subverter a democracia no mundo: a liberdade de imprensa, o sistema eleitoral e a independência do Judiciário. Ele lembrou que as redes sociais foram subvertidas na tentativa de impor estes objetivos. Recordou que o movimento foi muito diferente daqueles registrados nas “primaveras democráticas”, em referência à Primavera Árabe que por lá também não deixou bom legado. Derrubou ditadores e pôs no lugar ditaduras por vezes mais sanguinárias que as antigas.
Lula seguiu linha similar, porém, com tom mais emotivo. Durante o discurso, ele chorou e disse que ‘o povo reconquistou direito de viver em democracia’. “Em primeiro lugar quero agradecer ao povo brasileiro pela honra de presidir pela terceira vez o Brasil. Em minha primeira diplomação, em 2002, lembrei ousadia do povo brasileiro em conceder para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário, um diploma… (choro) — afirmou, completando: — Esse diploma é do povo que reconquistou o direito de viver em democracia. Vocês ganharam esse diploma”, disse entre lágrimas.
O discurso de Lula teve uma série de ataques velados ao presidente Jair Bolsonaro, que terminou a corrida eleitoral em segundo lugar. O presidente eleito afirmou que “poucas vezes na história recente” do país a democracia esteve “tão ameaçada” e elogiou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF) pela atuação durante a campanha. O presidente prometeu governar para todos os brasileiros sem revanchismo. Ele lembrou também o período em que esteve preso e agradeceu a presença dos ex-presidentes Dilma Rousseff (PT) e José Sarney (MDB).
A tendência é que nesta semana o petista anuncie mais nomes para a composição do governo.
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