Quem tem mais de 40 anos vai lembrar da propaganda de um xampu chamado Denorex. Era indicado para caspa, mas isso é irrelevante frente à ideia da propaganda televisiva da época: ele era vendido como um produto com cheiro de remédio, cor de remédio, mas que não era remédio. O termo foi assimilado pelo imaginário político com uma variação afirmativa. Para dizer que quando alguém age como candidato, fala como candidato é porque, de fato, ele é ou quer ser candidato. E a máxima pode ser usada com alguma variação para se referir ao pastor Sérgio Queiroz.
O religioso ficou em quarto lugar na disputa pelo Senado, em 2022, com 233 mil votos, mas tirou das urnas uma votação expressiva em João Pessoa. Não menos que 106 mil votos, a maior entre os postulantes a uma vaga na Casa Alta naquele pleito. E isso, segundo pessoas próximas, tende a animar Sérgio Queiroz, que carrega no currículo, também, mais de 20 anos como procurador da Fazenda Nacional e foi ex-auxiliar do governo de Jair Bolsonaro (PL). Isso tudo somado ao assédio do Partido Novo e à saída do comunicador Nilvan Ferreira da disputa, abre o flanco para uma eventual candidatura do pastor.
O caminho natural, caso decida ser candidato, será partir primeiro em busca do público evangélico e conservador. Neste grupo, terá como potencial adversário o ex-ministro Marcelo Queiroga (Saúde), filiado ao PL. Neste fronte, Queiroz já apresentou o cartão de visitas. Fez críticas à exclusão de Nilvan Ferreira da lista de pré-candidatos, feita pelo antigo partido dele. E não só isso: baterá de frente também com Jair Bolsonaro, que apoia Queiroga de forma incondicional. É um desafio e tanto. Mas se for bem sucedido neste campo minado, ainda precisará para ser eleito dos votos dos apoiadores do presidente Lula (PT).
A missão não é fácil, mas o fracasso de 2022 deve ter ensinado algumas lições. Queiroz foi para a disputa, na época, vestindo o figurino de outsider. No pleito, sofreu com a dura realidade ter as portas fechadas até nas igrejas evangélicas do interior. Agora, relativamente repaginado, precisa adotar postura distinta. Partido para se filiar ele já tem. Foi convidado pelo Novo, através de vídeo gravado pelo ex-deputado Deltan Dallagnol. O caminho está aberto, mas o procurador da Fazenda Nacional ainda não disse sim. Ele quer ouvir a família e a igreja antes de decidir se compra a briga.
A tradição da política mostra que quando uma pessoa tem cara de candidato, postura de candidato e discurso de candidato é porque ele é candidato. Veremos…
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