Executivo
Falido, discurso de “terceira via” cai por terra e nomes tendem a bater em retirada
29/04/2022 11:19
Suetoni Souto Maior
Dória, Tebet, Bivar e Leite vivem dias de incerteza sobre a disputa. Foto: Divulgação

A ideia de construção de uma “terceira via” para fazer frente à dualidade entre o ex-presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) começa a escancarar o que ela sempre representou: uma utopia. Os nomes postos para este grupo não conseguiram em um ano de movimentação alcançar os dois dígitos e veem quadras à frente os dois líderes nas pesquisas. A última sondagem feita pelo Datafolha traz o petista com o 43% das intenções de voto na estimulada e o liberal com 26%. Os outros pré-candidatos, somados, passam pouco dos 10%.

Isso tem feito com que o pedetista Ciro Gomes, por exemplo, sofrer pressão desmedida de partidários para que desista da disputa. Ele, no entanto, dá sinais de que não vai seguir o conselho. Os apelos para a desistência vêm de lideranças interessadas em apoiar Lula na disputa. Acontece que o pré-candidato do partido tem sido o maior crítico do ex-presidente na disputa e dá sinais de que não vai desistir. Situação parecida ocorre com Simone Tebet (MDB-MS). O partido é pressionado pelos emedebistas do Nordeste para que haja apoio aa pré-candidato petista ainda no primeiro turno. Tebet resiste.

A resistência de Simone Tebet esbarra, por outro lado, na experiência do partido, acostumado a esvaziar as candidaturas da própria sigla. O último postulante da agremiação testado nas urnas foi uma negação. Em 2018, Henrique Meireles ficou em sétimo lugar na corrida eleitoral, atrás até do Cabo Daciolo (Patriota). Nesta quinta-feira (28), num movimento de esvaziamento do bloco, o ex-governador de São Paulo, João Dória (PSDB), admitiu a possibilidade de ser vice da pré-candidata do MDB. Uma possibilidade, convenhamos, difícil de acontecer.

Isso acontece porque o próprio Dória já não demonstra disposição para a disputa. Ele enfrentou uma guerra fratricida dentro do partido, num embate pessoal com o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Em paralelo a isso, não tem ganhado musculatura política. O partido dele está dividido entre a candidatura própria e o apoio a um dos candidatos mais bem posicionados na corrida eleitoral. O grosso da sigla deve seguir Jair Bolsonaro e uma outra parte deve seguir para Lula. Dória, inclusive, passou a adotar um discurso de menor tensionamento com o ex-presidente, deixando claro que poderá abrir diálogo com o opositor.

Neste mesmo caminho vai a candidatura do União Brasil. O deputado federal Luciano Bivar fala em ser candidato, mas dificulmente vai comprar essa briga. Parte do partido pretende votar em Bolsonaro e quer ver pelas costas o ex-juiz Sérgio Moro, que se filiou ao partido, mas até agora não disse a que veio. A tendência, por isso, é que tenhamos no primeiro turno uma disputa muito parecida com o que se espera para o segundo. Ou seja, com protagonismo gigante de Lula e Bolsonaro e raquitismo dos outros postulantes.

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