Muita gente anda descontente com a campanha presidencial e até estadual neste segundo turno. A queixa mais recorrente é a de que destamparam a tubulação e agora o esgoto está fluindo de lado a lado. É decepcionante, sim, do ponto de vista republicano perceber que as estratégias do ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) são mais voltadas para golpes abaixo da cintura que propriamente a apresentação de proposições. Isso ocorre pelo entendimento dos marqueteiros de que o segundo turno é uma guerra de rejeições e que o momento das propostas passou, ficou enterrado lá no primeiro turno.
Os números demonstram isso em justa posição. A última pesquisa do Datafolha trouxe que Bolsonaro é rejeitado por 51% da população. Isso funciona como uma trava a qualquer eleição, afinal, para conquistar um mandato você tem que conquistar pelo menos 50% dos votos mais um. Enquanto isso, a rejeição a Lula é de 46%. Ou seja, estes são os contingentes da população que não votariam em um ou no outro de forma alguma. É um número muito grande e com uma desvantagem numérica ameaçadora para Jair Bolsonaro.
A estratégia dele, portanto, tem sido a de desgastar Lula a todo custo desde o início da campanha. E tem dado certo. Em 22 de setembro, a rejeição a Bolsonaro era de 52%, segundo o Datafolha, enquanto Lula surgia com 39%. O trabalho do staff bolsonarista naquele momento foi elevar o tom das críticas ao ex-presidente, inclusive com fake news, para evitar que a eleição fosse definida no primeiro turno. E o objetivo foi alcançado, a ponto de o petista ter terminado a primeira etapa da campanha faltando pouco mais de 1% dos votos para liquidar a fatura.
Para o segundo turno, a campanha do petista entrou na mesma onda para desgastar o adversário. Daí surgiram as denúncias sobre o suposto canibalismo do presidente, acusações de pedofilia e detalhamento da vida pregressa da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, além da apresentação das relações do presidente com milicianos e assassinos, casos do ex-goleiro Bruno e do ex-ator e hoje pastor Guilherme de Pádua, assassino da atriz Daniella Perez. Já Bolsonaro buscou explorar as denúncias de corrupção durante os governos petistas.
O entendimento do staff de Lula é que se Bolsonaro conseguir reduzir a rejeição e, em contrapartida, a dele for elevada também, o presidente conseguirá a reeleição. A distância entre os dois é pequena no segundo turno, segundo as pesquisas, variando entre 10 pontos percentuais, no caso do Ipec, e 6 pontos percentuais, segundo o Datafolha. Como só há dois candidatos e cada ponto conquistado por um é debitado do outro, o resultado disso é imprevisível. Já foi assim no primeiro turno, sem a maior parte das pesquisas detectar o crescimento de Bolsonaro. Se a campanha suja deu certo no primeiro turno, ela vai ser mantida.
O debate deste domingo (17) na Band já mostrou um pouco do que virá.
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