Executivo
Encruzilhada: após recuo do PL, Nilvan terá que decidir se abraça João Azevêdo ou o bolsonarismo
09/03/2024 09:08
Suetoni Souto Maior
Nilvan Ferreira no lançamento da pré-candidatura para prefeito de Santa Rita. Foto: Divulgação

“Política é como nuvem. Você olha e elas estão de um jeito. Olha de novo e ela mudou”. A frase célebre do ex-governador mineiro Magalhães Pinto sempre serviu para explicar as encruzilhadas da política. E é neste ponto que se encontra o comunicador Nilvan Ferreira, em Santa Rita. Ele foi para lá visando a disputa eleitoral depois de ser escorraçado de João Pessoa pelo antigo partido, o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Depois disso, passou a ser cortejado por aliados do governador João Azevêdo (PSB), moderou o discurso e ensaiou uma saída do “bolsonarismo”.

A situação, agora, tem potencial para se inverter com movimento do ex-presidente visando o fortalecimento dele próprio na Região Metropolitana de João Pessoa. Bolsonaro foi bem votado na capital, em Santa Rita e em Cabedelo, cidades sobre as quais espera ver seus aliados eleitos. Ele foi derrotado em todas elas pelo presidente Lula (PT), em 2022, mas por pouca margem de votos. Os planos do PL, por isso, são lançar o ex-ministro Marcelo Queiroga, em João Pessoa; o deputado estadual Wallber Virgolino, em Cabedelo, e apoiar Nilvan, em Santa Rita. Isso foi tratado em reunião envolvendo Queiroga e o deputado federal Cabo Gilberto.

O movimento, portanto, pode interromper a guinada desbolsonarizante dada por Nilvan desde que foi impedido pela Direção Nacional do PL de disputar as eleições em João Pessoa. O nome dele era dado como certo, por causa das votações expressivas recebidas na capital em 2020, quando foi para o segundo turno e foi derrotado por Cícero Lucena (PP), e em 2022, quando foi o mais votado na cidade, ficando à frente de João Azevêdo (reeleito) e do ex-deputado Pedro Cunha Lima (PSDB), este último derrotado nas urnas no segundo turno da disputa.

Acontece que desde quando foi banido da disputa pela prefeitura de João Pessoa, Nilvan abandonou o discurso de extrema-direita e vinha adotando tom mais conciliador. Chegou a sentar com João Azevêdo para discutir uma eventual aliança. Ele tem o convite do Republicanos para se filiar e poderá ter o governador do palanque. Essa possibilidade de alinhamento, inclusive, gerou uma crise no PSB entre o deputado federal Gervásio Maia, presidente do partido, e o chefe de Gabinete do governo, Ronaldo Guerra. O primeiro defende uma aliança com o atual prefeito, Emerson Panta (PP). O segundo, uma composição com Nilvan.

Estes movimentos trazem outro ingrediente para a tabuleiro político: o de que Nilvan Ferreira precisará fazer uma escolha. Ficará com o bolsonarismo ou abraçará o centro político e o governador? Em qualquer das opções, Panta perde um aliado, já que o presidente estadual do PL, Wellington Roberto, também ofereceu apoio para a eleição do nome que for escolhido pelo prefeito para sucedê-lo na disputa. Neste momento, caberá a Nilvan e somente a ele definir o caminho a ser seguido nesta encruzilhada.

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