Virou rotina: a cada semana o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) da Paraíba cassa um ou vários vereadores por fraude na cota de gênero do partido na disputa das eleições. Em todos os casos, as acusações são de que foram escaladas mulheres para compor a chapa, mas sem incentivo real à participação delas na busca por votos. Algumas sequer tiveram os próprios votos na urna. O quadro, porém, contrasta com o número de mulheres filiadas a partido político. Elas eram 44% do total em 2018 e este número chega a 46% para as eleições deste ano.
Os dados têm como base levantamento feito pela Folha de São Paulo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Eles apontam que o percentual de mulheres filiadas cresceu nos últimos quatros anos em 28 das 32 legendas. Isso não quer dizer, pelo menos não ainda, que haverá maior proporção feminina a disputa deste ano. A proporção de mulheres filiadas está acima de 40% em 30 legendas, sendo que 3 têm mais mulheres do que homens filiados: o Republicanos, o PMB (Partido da Mulher Brasileira) e a UP (Unidade Popular) —os dois últimos não têm representação no Congresso Nacional.
A despeito da ampla participação nas bases, as mulheres são minoria entre os candidatos e, principalmente, entre os eleitos para governos, Senado, Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas. Em 2018, por exemplo, mulheres foram apenas 32% das candidaturas deferidas pelo TSE. Legendas como PMB e PSTU tiveram a maior proporção de candidatas, seguidas de PT, PSOL e MDB. A legislação eleitoral determina que os partidos sigam uma cota mínima de 30% de candidaturas femininas para disputas proporcionais. Legendas também devem destinar 30% dos recursos do fundo eleitoral a candidatas.
Em 2018, apenas cinco mulheres foram eleitas para a Assembleia Legislativa da Paraíba. Dois anos depois, a Câmara de João Pessoa viveu uma realidade não vista há muitos anos, com apenas uma mulher eleita para o cargo de vereadora.
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