Judiciário
Bolsonaro, as joias sauditas e a descrença dos bolsonaristas
09/07/2024 11:30
Suetoni Souto Maior
Várias jóias de alto valor foram incorporadas ao patrimônio pessoal e ato é contestado pelo TCU. Foto: Divulgação

O relatório da Polícia Federal em relação ao processo de venda das joias sauditas doadas ao Brasil quando Jair Bolsonaro (PL) ocupava a Presidência da República implica frontalmente o ex-gestor. O prejuízo estimado ao país caso a venda dos itens de luxo do acervo presidencial tivesse sido efetivada giraria em torno de R$ 6,8 milhões. As provas apresentadas sobre o plano são muitas e ruidosas, mas tendem a não convencer o eleitorado bolsonarista. Não é tão diferente do que aconteceu com o presidente Lula (PT) mesmo antes de a “Vaza Jato” escancarar a condução política do processo que levou para a cadeia o atual mandatário do país.

A raiz da descrença nos malfeitos de Bolsonaro está na calcificação das posições políticas no Brasil. Tal qual um Fla-Flu, de lado a lado, os defeitos das lideranças têm se sido camuflados. E isso é evidente, agora, em relação a Jair Bolsonaro, que vem dominando o noticiário nos últimos dias, com narrativas para negar as acusações feitas pela Polícia Federal.

O que há de fato, segundo as informações da Polícia Federal, é que as joias em questão não foram alojadas na casa do ex-piloto Nelson Piquet, em Brasília, mas seguiram com Bolsonaro no avião presidencial com destino a casas de leilões dos Estados Unidos. Tudo isso após a derrota nas eleições de 2022. Onze pessoas foram indiciadas pela PF, inclusive o ex-presidente, que não pode nem de longe dizer que não conhecia a operação. Mesmo que esta tem sido a estratégia da defesa.

Um relógio Rolex chegou a ser vendido pelo ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, e precisou, depois, ser resgatado pelo advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef. Por mensagens, os auxiliares do ex-presidente falavam abertamente sobre a venda das joias e as estratégias para isso, atribuindo a elas caráter “personalíssimo”, o que não encontra amparo no entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) em relação aos itens.

O caso agora está nas mãos da Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se denuncia ou não o ex-presidente em processo relatado pelo ministro Alexandre de Moraes. É difícil imaginar que a denúncia não vingará, pelo conjunto de provas anexado ao processo. O roteiro até uma eventual condenação também não é desconhecido. Porém, para os bolsonaristas, tudo não passará de “perseguição judicial”, como o dito pelo presidente argentino Javier Milei em visita ao Brasil.

O que é possível prever é que haverá condenação, choro e ranger de dentes…

Quer receber todas as notícias do blog através do WhatsApp? Clique no link abaixo e cadastre-se: https://abre.ai/suetoni

Palavras Chave