Executivo
Bolsonaro admite discussão da ‘minuta do golpe’: “Discutir um dos artigos da Constituição é algum crime?”
28/11/2024 14:44
Suetoni Souto Maior
Jair Bolsonaro antes de deixar o governo após ser derrotado nas urnas. Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu em entrevista ao portal Uol ter discutido com pessoas próximas o documento que ficou conhecido como “minuta do golpe”. O dispositivo foi debatido com ajuda de auxiliares do ex-gestor com o objetivo de decretar uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e anular o pleito vencido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022. A descrição sobre o episódio que representaria uma ruptura institucional é descrita no inquérito da Polícia Federal (PF) cujo sigilo foi levantado nesta semana, mas era negado pelo staff bolsonarista.

“Minuta do golpe é baseada na Constituição. Para que serve a Constituição? É a nossa lei máxima. Eu entendo que ali é um norte para você seguir. Se tem um remédio ali, por que não discutir? Discutir um dos artigos da Constituição é algum crime? Foi levada avante alguma dessas possíveis propostas? O comandante do Exército falou sobre isso. Foi discutida a hipótese de GLO, de 142, de estado de sítio, estado de defesa. Qual é o problema de discutir isso aí?”, ressaltou Bolsonaro em referência do documento encontrado originalmente na casado do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados na trama golpista que visava impedir a posse do presidente Lula. Entre os fatos denunciados, existia um plano para assassinar o então presidente eleito, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-mandatário alega que a discussão da minuta do golpe ocorreu porque o partido dele apresentou pedido de anulação da votação na Corte Eleitoral e o partido foi multado em R$ 22 milhões. Se houvesse novo recurso, segundo ele, a multa poderia chegar a R$ 200 milhões.

O ex-presidente também disse considerar recorrer a uma embaixada para evitar ser preso. “Embaixada, pelo que eu vejo a história do mundo, né, quem se vê perseguido pode ir para lá. Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado.O senhor vai se manter candidato a presidente em 2026?Eu vou. Sou um cidadão. Sou um réu sem crime. Fui condenado [tornado inelegível pelo TSE] sem crime nenhum”, disse. Em março deste ano, ele procurou a embaixada da Hungria e fez crescer os rumores de que temia ser preso.

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