Executivo
Assassinato do ex-primeiro-ministro japonês é reflexo de uma intolerância cada vez mais comum na política
08/07/2022 08:50
Suetoni Souto Maior
Shinzo Abe foi atingido no pescoço. Foto Kremlin

O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, de 67 anos, morreu nesta sexta-feira (8). Ele foi baleado durante comício na cidade de Nara, perto de Quioto, no Japão. A notícia foi dada pela NHK, a televisão estatal do Japão, e confirmada pelo hospital. O principal suspeito do crime, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, foi preso e justificou a ação alegando descontentamento com o político, que participava da campanha política de um aliado, no momento em que foi abatido a tiros. O caso, em um país com um dos menores índices de violência do mundo (menos de 1% por grupo de 100 mil), é reflexo da mesma intolerância política registrada em outros países.

O Japão, ao contrário do Brasil, impõe sérias restrições ao acesso a arma pela população civil. Shinzo Abe foi primeiro-ministro entre 2006 e 2007 e, mais tarde, entre 2012 e 2020. Ele participava, nesta sexta-feira, de um comício visando as eleições para o Senado japonês, marcadas para domingo (10). Abe discursava em apoio a Kei Sato, um membro da câmara alta do Parlamento que concorre à reeleição como representante da cidade de Nara. O suspeito usou uma espécie de espingarda artesanal durante a ação e acertou o ex-primeiro-ministro no pescoço.

O assassinato é um episódio chocante em uma sociedade que tem algumas das leis de armas mais rígidas entre as maiores economias globais, onde poucos episódios de violência política foram registrados nos últimos 50 anos. O suspeito do crime é um ex-integrante da Marinha do Japão, onde serviu por três anos, até 2005. A suposta arma do crime — uma espingarda caseira — foi recuperada. De acordo com a emissora NHK, o suspeito disse à polícia que estava insatisfeito com o ex-primeiro-ministro e pretendia matá-lo.

Essa violência contra candidatos tem sido comum no mundo todo. Em 2018, o então candidato Jair Bolsonaro (PL) recebeu uma facada durante um compromisso de campanha em Minas Gerais. Antes dele, no mesmo ano, o ex-presidente Lula (PT) teve a caravana alvejada por tiros no Sul do país. Para este ano, a Polícia Federal redobrou a segurança dos candidatos. Nesta quinta-feira (7), no Rio, foram estouradas bombas caseiras em um evento político do PT, mas sem vítimas. O que aconteceu com Abe, no Japão, é um aviso do que poderá ocorrer novamente no Brasil.

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