Judiciário
Antes restrito a investigações, ferramenta do MPPB passa a ser usada para busca de pessoas em situação de rua
10/11/2025 19:40

Suetoni Souto Maior

Reprodução

Este espaço já foi usado para falar do Sistema Pandora, uma ferramenta criada a partir de experiências do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), para auxiliar nas investigações do órgão ligado ao Ministério Público da Paraíba (MPPB). A novidade agora é que ela passou a ser usada, também, para a busca de pessoas em situação de rua, algumas afastadas da família há décadas.

É o caso de uma mulher que reencontrou a mãe após 22 anos de buscas. A idosa havia passado a morar nas ruas e não era encontrada pela família. O reencontro só foi possível depois que a 46ª promotora de Justiça da Capital, Fabiana Lobo, que atua na defesa da cidadania, tomou conhecimento do caso. Ela utilizou para isso o Pandora, desenvolvido pelo Núcleo de Gestão do Conhecimento (NGC) do MPPB, além de parceria com os serviços Ruartes e Consultório na Rua, da Prefeitura Municipal de João Pessoa.

Além da mulher, a ferramenta criada pelo Ministério Público tem sido utilizada para encontrar informações sobre outras pessoas com transtorno mental que estão em situação de rua. “O Pandora tem várias ferramentas que possibilitam ao promotor de Justiça pesquisar e obter informações que nos ajudam a identificar familiares e a localizá-los. Sem esse sistema, seria muito mais difícil e demorado obter essas informações”, disse Fabiana Lobo.

O coordenador do NGC, o promotor de Justiça Octávio Paulo Neto, explicou que sistemas como o Pandora conseguem encontrar pessoas invisibilizadas nas malhas dos cadastros, nas mais diversas bases, reconstruindo trajetórias interrompidas e que isso é feito por meio da correlação de dados de múltiplas fontes e da identificação de padrões, o que ajuda a reconectar indivíduos com políticas públicas, seja para garantir um benefício, localizar familiares ou encaminhar a serviços essenciais.

“Trata-se da aplicação prática do que chamamos de inovação com inclusão. A grande virtude do Pandora está na coordenação de informações dispersas, algo que tradicionalmente o Estado brasileiro faz com lentidão e desarticulação. Ao integrar dados das mais diversas matizes, a plataforma oferece uma visão contextual da pessoa e de seu entorno social. É um passo além da mera estatística: é a inteligência social, que permite que o Estado atue para amainar jornadas”, disse.

Ele destacou o potencial da ferramenta na área social. “A tecnologia alcança seu sentido mais nobre quando se veste de cidadania, isto é, quando deixa de ser mero instrumento de controle ou eficiência e se torna ponte entre a vulnerabilidade e a dignidade. No Brasil, onde a exclusão social assume contornos tão complexos quanto silenciosos, soluções tecnológicas como o Pandora representam não apenas inovação, mas empatia aplicada, a inteligência posta a serviço do humano”, defendeu.

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