Judiciário
STF: sem impedimentos de Dino e Zanin, aliados de Bolsonaro preveem derrota unânime e temem “cortes” nos votos
24/03/2025 08:00

Suetoni Souto Maior

Bolsonaro e Mauro Cid durante viagem aos Estados Unidos ao lado de Bolsonaro. Foto: Alan Santos/Presidência da República

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (26) o julgamento que pode transformar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sete de seus principais aliados em réus por tentativa de golpe de Estado. Nos bastidores, o entorno do ex-mandatário já dá como certa uma derrota por unanimidade: a expectativa é de um placar de 5 a 0 pela abertura da ação penal.

Serão julgados os pedidos da Procuradoria-Geral da República (PGR) que acusam o grupo de cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de bem tombado.

Votam os ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A defesa de Bolsonaro tentou afastar Zanin e Dino, sob alegação de parcialidade — ambos já processaram o ex-presidente no passado —, mas não teve sucesso. A composição do colegiado permanece.

Além de Bolsonaro, também são alvos da denúncia o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa Walter Braga Netto; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do GSI Augusto Heleno; o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira; o ex-comandante da Marinha Almir Garnier; o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem; e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

O julgamento será transmitido ao vivo pela TV Justiça — algo incomum nas turmas do STF, mas autorizado em casos de “grande relevância institucional”. A transmissão preocupa aliados do ex-presidente. O receio é que a ampla exposição favoreça a viralização de falas duras dos ministros, com uso de termos como “golpe”, “envenenamento”, “decapitação” ou “depredação”, o que pode intensificar o desgaste de imagem do grupo.

Para piorar o cenário para a defesa, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, fará pessoalmente a sustentação oral, o que geralmente fica a cargo de subprocuradores nas turmas. A escolha reforça o peso simbólico e político do julgamento.

Nos bastidores, o bolsonarismo se organiza para reagir nas redes sociais. Deputados aliados devem editar e publicar trechos específicos da sessão, rebatendo as falas dos ministros. A movimentação digital busca mostrar que Bolsonaro ainda possui respaldo político e popular, mesmo após a manifestação considerada esvaziada no Rio de Janeiro no início do mês. A meta agora é tentar recuperar tração até o ato previsto em São Paulo.

O julgamento terá início com a leitura do relatório por Alexandre de Moraes. Em seguida, falará o procurador-geral Paulo Gonet. As defesas dos acusados se manifestam na sequência. Depois, os ministros votam sobre o recebimento da denúncia, na seguinte ordem: Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

A expectativa de uma derrota acachapante para Bolsonaro não é apenas retórica. Internamente, até aliados mais próximos admitem: a tendência é que todos os denunciados virem réus ainda nesta semana.

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