O alvo é a Presidência da República, mas a tarefa inicial do ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) é, primeiro, se mostrar viável eleitoralmente. Ele tenta crescer, primeiro, no campo do eleitorado bolsonarista desconte com o presidente. Para isso, porém, ele terá duas missões: mostrar que visão tem do Brasil e provar que pode fazer frente ao ex-presidente Lula (PT) em uma disputa eleitoral. Estes são requisitos caros aos atuais e ex-apoiadores do presidente, que têm como características, principalmente, visão conservadora nos costumes, defesa do liberalismo econômico (às vezes de fachada) e posição anti-petista.
A escolha da Paraíba pelo presidenciável é sintomática. O Estado é tradicionalmente pró-Lula, desde a primeira vitória do petista em 2002. De lá para cá, os candidatos bancados pelo PT foram vitoriosos em praticamente todos os municípios. Mesmo assim, cidades como João Pessoa e Cabedelo passaram a ter perfil um pouco mais conservador. Isso foi visto em 2018, na eleição de Jair Bolsonaro. Antes o posto cabia apenas a Campina Grande. Nos outros municípios, o eleitorado se mostra ainda majoritariamente pró-Lula. Vale ressaltar, também, que as pesquisas mostram a liderança folgada do petista em todo o Estado atualmente.
Moro também chega para a corrida eleitoral carregando duas heranças negativas. Ele se projetou nacionalmente por meio da Lava Jato, mas a condução do ex-juiz à frente da operação gerou também denúncia de parcialidade nos julgamentos e uso político das investigações. Um exemplo comumente citado foi a publicização da delação do ex-ministro Antonio Palocci no segundo turno das eleições de 2018. Na época, as revelações posteriormente rejeitadas pela Justiça impactaram negativamente na campanha do petista Fernando Haddad, vencido por Jair Bolsonaro (PL). Com a eleição do então candidato do PSL, Moro aceitou convite para integrar o governo.
Na Paraíba, Sérgio Moro terá reuniões com empresários e políticos. Ele tenta demonstrar viabilidade eleitoral para se configurar como terceira via. Para isso, terá que aparecer com dois dígitos nas pesquisas nos próximos meses. Isso porque apesar do embalo inicial, o ex-auxiliar de Jair Bolsonaro ainda não demonstrou fôlego para assumir o papel de candidato viável. Seu maior obstáculo é crescer em meio ao bolsonarismo, que domina a trincheira da direita.
O presidenciável tem dedicado tempo a fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro, mas sem descuidar dos ataques ao ex-presidente Lula. As declarações, no entanto, não vislumbram ainda qual é o plano dele para o país. A bandeira erguida tem sido sempre a do combate à corrupção, mas sem apresentar parâmetros e propostas para o enfrentamento do desemprego e do baixo ou nenhum crescimento econômico do país. A passagem de Moro pela Paraíba, portanto, será um degrau no caminho de indicar os rumos para onde um eventual governo dele pretende ir.
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