O ato terrorista que resultou na morte do autor do atentado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, nesta quarta-feira (13), deve sepultar de vez as discussões sobre anistia para os presos em decorrência dos atos de 8 de janeiro de 2023. O sentimento é das principais figuras do Congresso, do Planalto e da Justiça, mas também dos parlamentares de direita e extrema-direita. E é bom que isso aconteça. Por um motivo simples: o perdão eliminaria o efeito pedagógico da punição a todos que pretendam atentar contra a democracia. E só pessoas ignorantes ou desprovidas de honestidade intelectual pensam o contrário.
Se voltarmos um pouco no tempo, vamos lembrar que a ausência de punição aos responsáveis pelos crimes ocorridos durante o regime militar levaram ao flerte com uma nova ditadura após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Se recordar é viver, podemos lembrar ainda que antes do 8 de janeiro houve tumulto durante a diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 12 de dezembro de 2022; uma tentativa de atentado com instalação de uma bomba em um caminhão de combustíveis em 24 de dezembro daquele ano e ainda o quebra-quebra nos prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro.
Em todos os casos, a tentativa era impedir a posse ou depor o presidente Lula e prender e mesmo matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Tudo isso nos trás até aqui, quando a discussão sobre a anistia dos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro ganhava corpo no Congresso. A morte de Francisco Wanderley Luiz, enquanto detonava bombas direcionadas à Suprema Corte, nesta quarta, faz parte desse pacote de horrores embalado pelo extremismo. O ex-presidente Jair Bolsonaro deu declarações nesta quinta negando envolvimento com o terrorista morto.
E é bem verdade que muito provavelmente o Tiü França não tenha qualquer aproximação com o capitão reformado do Exército. Mas é inegável que ele deve ter tido a mente fraca inundada por uma campanha sórdida e bem planejada de ataques às instituições democráticas feita por bolsonaristas. A loucura era tanta que o homem nascido em Santa Catarina fez publicações nas redes sociais indicando que a morte dele acenderia uma “revolução”. Uma mente doentia igual à de muitos que andam por aí, segundo o alerta do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
O que se pode dizer sobre extremismos é que onde ele não foi combatido, houve arraigamento e consequências. Na Alemanha, se você falar que é nazista ou pregar a favor do regime de Adolf Hitler, pode contar como certa a ida para a cadeia. Na Argentina e no Chile, os responsáveis por crimes durante o regime militar foram presos e ninguém mais prega a implantação de regimes de exceção nestes locais. Já no Brasil…
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