Executivo
Sem alarde, Cícero tem buscado diálogo da direita à esquerda e pavimenta busca pela reeleição
25/04/2023 19:17
Suetoni Souto Maior
Cabo Gilberto discursa em solenidade ao lado de Cícero Lucena. Foto: Divulgação

A presença do deputado federal Cabo Gilberto (PL) ao lado do prefeito Cícero Lucena (PP) em solenidade alusiva ao aniversário de Mangabeira, em João Pessoa, gerou muito bochicho nas rodas políticas nesta semana. O motivo é óbvio: em tempos tão radicalizados, o senso comum indica que ele não deveria estar se derretendo em elogios a um potencial adversário do seu partido no pleito do ano que vem. A reação foi rápida. O deputado estadual Wallber Virgolino (PL) tachou o aliado de melancia (verde por fora e vermelho por dentro). Já Nilvan Ferreira, do mesmo partido, provável candidato a prefeito da capital contra Cícero, contemporizou, mas sem esconder o desconforto.

É possível dizer, porém, que do ponto de vista republicano, a reação foi descabida. Quem prestou atenção ao pronunciamento de Gilberto viu que ele apenas buscou ser afável com os anfitriões. Elogiou o empenho do prefeito no calçamento de ruas no bairro de Mangabeira, onde ele mora desde a infância. Fez elogios a Mersinho (PP), filho de Cícero, com quem desenvolveu boa relação na Câmara dos Deputados. E sinalizou com a indicação de emendas para a cidade. Isso, propriamente, não o coloca como aliado de Cícero. Talvez, e no máximo, como um não adversário. E essa é uma diferença relevante.

O Cabo Gilberto se notabilizou ao longo dos últimos anos pelo perfil combativo no trato com o governador João Azevêdo (PSB), aliado de Cícero, e pelo apego ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Isso apesar de não ter tido vida fácil no partido, nas eleições do ano passado. Ele travou uma briga interna com o presidente da sigla, Wellington Roberto, e não foram poucas as acusações de falta de dinheiro na campanha do parlamentar. Mesmo assim, foi eleito e chegou à Câmara dos Deputados, onde segue fielmente a linha do bolsonarismo.

O acerto inequívoco aí fica por conta do prefeito Cícero Lucena. Sem alarde, ele vem construindo pontes com militâncias que vão da direita à esquerda. Isso faz com que seja criada musculatura para um eventual segundo turno no ano que vem, caso ele seja bem-sucedido no primeiro turno. Recentemente, por exemplo, o presidente estadual do PT, Jackson Macedo, defendeu a tese de que o partido deve se alinhar a Lucena ainda no primeiro turno. A sinalização não foi bem recebida por parte significativa do diretório municipal da agremiação, dispostoa lançar candidatura própria.

É difícil imaginar, apesar da articulação feita, que Cícero Lucena consiga atrair o PL ou o PT para apoiá-lo ainda no primeiro turno do ano que vem, mas é lícito dizer que parte deste espólio pode ser abocanhado em um eventual segundo. A história mostrará isso mais afrente.

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