Executivo
Romero Rodrigues e o limiar entre pragmatismo e medo de correr riscos
01/08/2024 16:08
Suetoni Souto Maior
Romero Rodrigues e Bruno Cunha Lima durante a campanha de 2020. Foto: Divulgação

Algumas posturas, na política, deixam marcas similares às forjadas a ferro e fogo. Elas ficam para sempre. Algumas vezes de forma positiva, outras nem tanto. Outras ainda ensejam tal desconfiança que nunca abandonam a pessoa. Talvez um pouco disso seja visto, agora, em relação ao deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) no que diz respeito à não disputa da prefeitura de Campina Grande. Alguém pode dizer que ele nunca se comprometeu com tal empreitada e estará certo ao dizê-lo. Mas é irrefutável, também, que o silêncio e sinais emitidos pelo parlamentar alimentaram a esperança dos que desejavam vê-lo na disputa.

O Republicanos e todos os seus caciques são um exemplo disso. O presidente do partido, Hugo Motta, estendeu o tapete vermelho. O presidente da Assembleia, Adriano Galdino, deixou-se empolgar com a possibilidade de ter Romero como candidato apoiado pelo grupo. O governador João Azevêdo (PSB) e seu staff, idem. Contavam, para isso, com um cenário que era o melhor dos mundos para o bloco: dividiriam o clã Cunha Lima e teriam grande chance ao apostar em um player com chances reais de vitória, segundo pesquisas de opinião realizadas na cidade.

Os ingredientes para isso estavam na mesa: Romero demonstrava não nutrir amores por Bruno Cunha Lima (União Brasil) e começou a se mostrar confortável entre opositores. Não foram poucos, também, os aliados que ouviram ou perceberam, da parte de Romero Rodrigues, sinais de rompimento com o ex-apadrinhado político. Além disso, as fotos nas quais aparecia por algum motivo ao lado de Bruno não escondiam a contrariedade em relação aos cliques.

Toda esta atmosfera, no entanto, mudou nesta semana. Impacientes com a espera, os caciques do Republicanos migraram para o apoio a Jhony Bezerra (PSB), bancado por João Azevêdo. Depois, o próprio Romero reuniu aliados para comunicar que não seria candidato. Algo parecido com o ocorrido em 2022, quando figurou até os 48 minutos do segundo tempo como nome da oposição ao atual governador. Na época, quem acabou indo para o sacrifício foi o então deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), que, mesmo inicialmente desacreditado, chegou ao segundo turno.

Romero, naquele momento, não quis arriscar. E, de forma pragmática, faz o mesmo agora. Só tem um problema: se a cautela de dois anos atrás era justificada, pelo risco de ficar sem mandato, a de agora encontra menos sustentação. Restará a ele, por ora, indicar o vice de Bruno e conviver, por muito tempo, com interrogações sobre seu futuro político.

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