Executivo
Recuos de Moro e Dória em relação às eleições escancaram a falta de rumo da terceira via
31/03/2022 18:34
Suetoni Souto Maior
Sergio Moro e João Doria — Foto: GloboNews/Reprodução

Esta quinta-feira (31) foi marcada por dois movimentos previsíveis de pré-candidatos a presidente da República. O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), desistiu e depois desistiu de desistir da disputa. Tudo isso antes de renunciar ao governo. Depois, também com movimento rumo ao limbo, o ex-ministro Sérgio Moro jogou na caixinha das almas as pretensões eleitorais enquanto assinava a ficha de filiação ao União Brasil, em São Paulo. Ele deixou o Podemos, sigla pela qual planejava disputar as eleições, simplesmente porque a militância do partido não queria mais apostar as fichas num candidato pesado eleitoralmente.

Os dois episódios mostram o quanto os nomes colocados para o que se convencionou chamar de terceira via são frágeis no conteúdo e na forma. Todos sabem o que esperar do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), assim como em um eventual governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Você pode discordar no todo ou em parte em relação a eles, mas sabe o que esperar dos dois. A mesma coisa não pode ser dita Moro, que fala genericamente de tudo e não consegue explicar quase nada. Já de Dória, é fácil esperar algo parecido com o governo de São Paulo, mesmo assim, ele não aprendeu a dialogar com o restante do país.

O eleitorado de Sérgio Moro, em tese, é o eleitor arrependido de ter votado em Jair Bolsonaro em 2018. O de Dória, também muito pequeno, habita na mesma faixa. É verdade que com a permanência do agora ex-governador de São Paulo na disputa, ele pode puxar alguma fatia dos eleitores que tinham predileção por Moro, mas a grande possibilidade é que este contingente migre de volta para Jair Bolsonaro. E olhe que é um contingente significativo para quem está atrás nas pesquisas, já que o ex-juiz da Lava Jato emplacava de 7 a 8 pontos nas pesquisas.

A “fraquejada” dos dois candidatos fez com Ciro Gomes, outro pré-candidato da terceira via, ironizasse a postura, dizendo que ele não desistiria. O problema do postulante é que assim como os outros ele não tem conseguido crescer eleitoralmente. O resultado disso é que vamos para o futuro observando o acirramento da dualidade entre Lula e Bolsonaro, o que será determinante para a disputa eleitoral. Não se sabe como isso influenciará nas disputas eleitorais nos Estados, mas o certo é que dificilmente sairá um vencedor fora deste “clubinho” formado pelos dois principais candidatos.

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