Quando algo tem nariz de porco, rabo de porco e pés de porco, é porque é porco. Essa é uma frase muito usada na política para explicar atitudes suspeitas. É mais ou menos esse o questionamento feito por muitos ao observar a posição passiva da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em relação às interdições de rodovias federais por caminhoneiros bolsonaristas que cobram intervenção militar. A corporação foi acusada neste domingo (30) de fazer operação para impedir que eleitores do ex-presidente Lula (PT) votassem. Só que nesta segunda-feira (31), o voluntarismo deixou de existir.
O MPF (Ministério Público Federal), por meio da Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional, enviou nesta segunda-feira (31) um ofício ao diretor-geral da PRF, pedindo informações sobre as providências que estão sendo adotadas para garantir a manutenção do fluxo nas rodovias federais.
“Tendo em vista notícias veiculadas sobre o bloqueio das rodovias federais por caminhoneiros em todo o país, como forma de protesto aos resultados das eleições para presidente do Brasil, solicito a Vossa Excelência informações sobre as providências que estão sendo adotadas pela Polícia Rodoviária Federal para garantir a manutenção do fluxo nas rodovias federais, dentre elas a relação completa dos bloqueios e as respectivas ações empreendidas pelo órgão em cada caso”, diz o texto.
Após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, caminhoneiros bolsonaristas fecharam trechos de rodovias em pelo menos 16 estados para contestar o resultado das eleições. Segundo um balanço divulgado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) às 16h15 (horário de Brasília), há 136 bloqueios registrados nas estradas federais. Em apenas um deles, a corporação agiu para que fosse realizada a desobstrução. Foi justamente no acesso ao Distrito Federal.
O diretor-geral da PRF, após muitas cobranças e de forma desnecessária, encaminhou ofício à Adivocacia Geral da União (AGU). Recebeu de resposta o compromisso de entrar com ação para pedir a desobstrução, mas deixando claro que não haveria necessidade disso, afinal, esse é um poder discricionário da corporação. A inércia, vale ressaltar, tem provocado a clara impressão de que o comando da Polícia Rodoviária, hoje, atua não como órgão de estado, mas de governo.
A Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional também enviou ofício aos procuradores-chefes da unidades do Ministério Público Federal em que pede informação sobre providências para coibir eventual omissão ou facilitação dos agentes da PRF na garantia da manutenção do fluxo nas rodovias federais. “O controle externo da atividade policial está entre as atribuições do Ministério Público, cabendo ao MPF a parte referente às forças federais, caso da PRF”, disse, em nota.
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