Judiciário
Papa Francisco diz que processo que condenou Lula foi iniciado com ‘notícias falsas’
19/12/2022 20:05
Suetoni Souto Maior
Papa Francisco e Lula durante encontro após a soltura do petista. Foto: Divulgação

Repercutiu bastante, neste fim de semana, uma entrevista do papa Francisco em que usou o episódio da prisão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para dizer que julgamentos feitos pela Justiça precisam ser “limpos”. Em entrevista ao jornal espanhol ABC, publicada neste domingo (18), ele disse que o processo que resultou na prisão do petista foi originado com “notícias falsas”. O pontífice declarou que a disseminação de fake news pode “destruir a vida de uma pessoa” e que o julgamento do líder do PT “parece não ter sido adequado”.

“Começou com notícias falsas na mídia, que criaram uma atmosfera que favoreceu a colocação de Lula em um julgamento”, explicou o papa. “Um julgamento deve ser o mais limpo possível, com tribunais que não tenham outro interesse a não ser fazer justiça”. Esta não é a primeira vez em que o religioso se refere à Justiça com pedido para que os magistrados sejam zelosos para, na visão dele, evitar injustiça. Em 2019, o Vaticano divulgou um vídeo em que mostra a representação de um homem acusado de um crime que não teria cometido.

“Os juízes devem seguir o exemplo de Jesus, que nunca negocia a verdade. Rezemos para que todos aqueles que administram a justiça operem com integridade e para que a injustiça que atravessa o mundo não tenha a última palavra”, disse o papa no vídeo.

Lula foi preso em abril de 2018, condenado no âmbito da Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex de Guarujá. A condenação expedida pela força-tarefa foi mantida pelo TRF-4 e, posteriormente, pelo STJ. No ano seguinte, foi alvo de outra condenação, dessa vez pelo caso do sítio de Atibaia. O petista foi acusado pelo Ministério Público de usar os imóveis para receber propina de empreiteiras, com reformas e benfeitorias personalizadas.

O presidente eleito saiu da prisão após o Supremo Tribunal Federal declarar inconstitucional a prisão após condenação em segunda instância, que era o caso do petista. A Corte entendeu que um condenado tem o direito de aguardar em liberdade a decisão definitiva da Justiça até que estejam esgotados todos os recursos. Posteriormente, o mesmo tribunal considerou o ex-juiz Sérgio Moro incompentende para os julgamentos e eles foram anulados.

Posteriormente, o Supremo também considerou que Sérgio Moro foi um juiz parcial. A decisão casou com as acusações dos petistas de condução política do julgamento, que impediu, em 2018, Lula de disputar a Presidência. O caso ganhou mais holofotes depois que Moro deixou a magistratura, em 2018, para ser ministro do presidente Jair Bolsonaro (PL), principal beneficiado com o impedimento de Lula. Neste ano, o ex-juiz foi eleito senador pelo Estado do Paraná e Lula, presidente da República.

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