Executivo
Mauro Cid admite venda de joias e diz que entregou dinheiro vivo a Bolsonaro, revela revista Veja
18/08/2023 06:42
Suetoni Souto Maior
Bolsonaro e Mauro Cid durante viagem aos Estados Unidos ao lado de Bolsonaro. Foto: Alan Santos/Presidência da República

A paciência acabou. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deve delatar o ex-chefe. A informação foi repassada pelo novo advogado dele, o criminalista Cezar Bitencourt, à Revista Veja e segue na mesma linha do dito por ele nesta semana, quando alegou, durante entrevista, que Cid é militar e seguiu a cadeia de comando. O militar admitiu ter vendido as joias e garante que entregou o dinheiro a Bolsonaro em mãos.

Ele vai dizer, segundo o advogado, como providenciou a transferência para o Brasil do dinheiro arrecadado e o entregou a Jair Bolsonaro — em espécie, para não deixar rastros. Mas o tenente-coronel não vai assumir sozinho a responsabilidade pelo que aconteceu.

Ele vai dizer às autoridades que fez tudo isso cumprindo ordens diretas do então presidente da República, que seria o mandante do esquema. A revelação vai provocar um estrondo na investigação, já que a defesa de Bolsonaro afirmou que ele “jamais se apropriou ou desviou quaisquer bens públicos”.

Em março deste ano, o ex-presidente teria, inclusive, devolvido “voluntariamente” algumas das joias que estavam em seu poder. A defesa também alegou que, por considerar alguns presentes como sendo “personalíssimos” — ou seja, que não pertenciam ao acervo público —, podia dar a eles a destinação que bem entendesse.

Como não tinha interesse em ficar com determinados itens, Bolsonaro teria recebido a sugestão de vendê-los, mas só soube os detalhes de como as negociações haviam sido feitas através da Polícia Federal.

A confissão de Cid, confirmada a VEJA pelo criminalista Cezar Bitencourt, seu advogado, obviamente, põe essa versão em xeque. Pelos detalhes que ele pretende contar, ficará evidente que o presidente sabia, sim, que, se não todos, ao menos alguns dos procedimentos adotados eram totalmente irregulares, outros criminosos mesmo.

Diante da gravidade das denúncias, uma quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico pode ser o próximo passo do processo — ou mais um capítulo da investigação conduzida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que também presidiu o julgamento que determinou a inelegibilidade de Bolsonaro.

Com informações da revista Veja

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